Transmissão do vírus disparou de forma exponencial em Portugal
O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge confirma um aumento na transmissibilidade de 0,21 de 25 de Dezembro a 31. A tendência é cada vez mais de crescimento. Casos podem duplicar em 13 dias
O Governo português decidiu aligeirar as medidas durante a época natalícia e aconteceu o que muitos especialistas temiam: a transmissão disparou. Isto está reportado no relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), da Universidade Nova de Lisboa, o organismo oficial que faz a monitorização da incidência e da transmissibilidade da doença, publicado na sextafeira. "Desde meio de Novembro até ao dia 25 de Dezembro o valor médio do R(t) - número de reprodução efectiva - manteve-se abaixo de 1", mas em seis dias disparou para 1,19.
Um indicador que, segundo o INSA, reflecte claramente "uma rápida alteração da situação epidemiológica" no país. Ou seja, "passou-se de uma fase de tendência decrescente sustentada para a actual fase de crescimento acentuado do número de novos casos, que se mantém desde o dia 26 de Dezembro".
No documento técnico, o instituto explica que o valor médio que se registava desde meio do mês de Novembro e que representava uma fase de decréscimo sustentada da incidência da infecção, muito pelas medidas restritivas tomadas nessa altura pelo Governo, passou para uma situação inversa logo no dia a seguir ao Natal. "Observou-se um aumento acentuado do R(t) em poucos dias (seis), tendo passado de 0,98 a 25.12 para 1,19 a 30.12, ou seja, um aumento de 0,21", refere o INSA.
De acordo com a análise do instituto, a partir de 26 de Dezembro todas as regiões registaram valores médios de R(t) elevados: "Foram estimados os seguintes valores de R(t) para as regiões com mais casos - 1,15 na região Norte, 1,23 na região Centro, 1,21 na região LVT, 1,21 na região Alentejo, 1,29 na região Algarve, 1,24 na região autónoma dos Açores e 1,21 na região autónoma da Madeira".
Valores médios só comparáveis aos atingidos no pico da segunda vaga, em Novembro, e no início da
África
registou nas últimas 24 horas mais 658 mortes por Covid-19 e 35.205 novos casos de infecção, elevando os números totais para 72.121 e 3.021.769, respectivamente, segundo os últimos dados oficiais da pandemia no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de recuperados nos 55 Estados-membros da organização nas últimas 24 horas foi de 17.490 para um total de 2.450.492 desde o início da pandemia.
A África Austral permanece como a região mais afectada, registando 1.369.221 infectados e 35.268 mortes. Só a África do pandemia, entre 21 de Fevereiro e 16 de Março de 2020. Aqui, o valor de R(t) atingiu os 2,2, mas porque a "população estava susceptível e as medidas de saúde pública eram residuais".
No relatório pode ler-se ainda que desde o início da epidemia que a estimativa do R(t) variou entre 0,79 e 2,15, tendo-se observado uma tendência de decréscimo desde 12 de Março de 2020, quando foi anunciado o fecho das escolas, que se tornou mais acentuada após o dia 16 de Março quando ocorreu o mesmo fecho e a 18 de Março com o anúncio do estado de emergência. O R(t) voltou a
Sul, o país mais atingido pela Covid-19 no continente, regista 1.214.176 casos e 32.824 mortos.
O Norte de África é a segunda zona mais afectada pela pandemia, com 979.328 casos e 25.762 vítimas mortais.
A África Oriental contabiliza 332.517 infecções e 6.148 mortos, enquanto na África Ocidental o número de infecções é de 263.066 e o de mortes ascende aos 3.435, e na África Central estão contabilizados 77.637 casos e 1.508 óbitos, mais um do que no dia anterior.
O Egipto, que é o segundo país africano com mais vítimas mortais, a seguir à África do Sul, regista 8.142 mortos e 148.799 infectados, seguindo-se aumentar a partir de 28 de Abril, ultrapassando o valor de 1 a meio de Maio. A partir de 11 de Julho volta a ficar abaixo de 1 e mantém-se assim até 5 de Agosto. Daí e até meio de Novembro esteve acima de 1 durante 107 dias
Com data de 8 de Janeiro, o documento reflecte uma análise que reporta a dados obtidos até 3 de Janeiro de 2021, a qual já indicava estarmos a enfrentar "uma tendência crescente de novos casos ao nível nacional, em todas as regiões do país", com a região Centro e o Alentejo a ficarem sob grande pressão.
A partir daqui, a tendência tem sido sempre no sentido
Marrocos, com 7.709 vítimas mortais e 451.637 infectados.
Entre os seis países mais afectados estão também a Tunísia, com 5.151 mortos e 157.514 infectados, a Argélia, com 2.803 óbitos e 101.913 casos, a Etiópia, com 1.985 vítimas mortais e 127.792 injecções, e o Quénia, com 1.704 óbitos e 98.184 infectados.
Em relação aos países de Língua Oficial Portuguesa, Moçambique regista 187 mortos e 21.361 casos, Cabo Verde (114 mortos, o mesmo número que no dia anterior, e 12.331 casos), Guiné Equatorial (86 mortos e 5.289 casos, ambos sem alterações face aos últimos dados reportados), Guiné-Bissau (45 mortos e 2.455 casos, ambos também sem alterações face ao dia anterior) e São Tomé e Príncipe (17 mortos e 1.066 casos).
O primeiro caso de Covid19 em África surgiu no Egipto, em 14 de Fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África do agravamento. De tal forma, que as estimativas apontam para a possibilidade de a duplicação de casos positivos poder ocorrer em apenas 13 dias. "A estimativa do tempo de duplicação da incidência de SARS-CoV-2, com base na incidência dos últimos 15 dias, foi de 13 dias, estando este valor entre 11 e 17 dias com 95% de confiança". Ou seja, que dos dez mil casos o país pode passar para os vinte mil casos diários em apenas duas semanas. Foi este valor que fez soar todos os alarmes, tal como o número de óbitos, que esta semana chegou aos 118. No entanto, as estimativas para
subsariana a registar casos de infecção, em 28 de Fevereiro.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.914.057 mortos resultantes de mais de 88 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China. a próxima semana, de acordo com os modelos matemáticos usados pelo INSA e pela Faculdade de Ciências, apontam para um número de casos diários que ronda os 12 mil e para os 120 óbitos.
Tais estimativas desenham o pior cenário para este mês de Janeiro em termos de resposta à Covid-19. "É um cenário grave e preocupante", explicaram ao DN, mas são estes dados que serão levados pelos técnicos do INSA à reunião de terça-feira com o Governo no Infarmed, e já com uma salvaguarda: que o próximo relatório trará uma realidade mais grave, tendo em conta o aumento do número de casos nesta semana. Desde quarta-feira, após o anúncio de que o país tinha registado 10.027 casos em 24 horas, que são muitos os que pedem o confinamento geral. O Governo ouviu os partidos políticos e a concertação social, e tudo indica que este será decretado a partir de 15 Janeiro.
Esta é, aliás, a solução mais reivindicada pela Saúde, com o argumento de que as unidades hospitalares e de cuidados primários atingiram a linha vermelha da sua capacidade. Para especialistas de saúde pública e de medicina intensiva "não há Serviço Nacional de Saúde que aguente uma média de dez mil casos". Destes, cerca de 10% vão chegar às enfermarias hospitalares e 3% aos cuidados intensivos.
Philip Fortuna, médico intensivista, referiu mesmo que os números de agora são o resultado da "decisão política em aligeirar as medidas no Natal". O grande problema é que parece que ninguém pensou que a consequência principal da Covid-19 é o agravamento da mortalidade nas faixas etárias mais idosas. "O que se conseguiu com o Natal foi que este fosse o último para algumas famílias", sublinhou o médico. O relatório sobre a mortalidade em 2019, do Instituto Nacional de Estatística, indica que mais de metade do número de mortes a mais em 2020 se deveu à Covid19. Janeiro vai ser um mês muito duro, não só pelo vírus, mas também pelo frio, que é um inimigo tão forte como o SARS-CoV-2.
Mas ainda falta analisar a nova variante deste SARSCoV-2, detectada inicialmente no Reino Unido, e cuja transmissibilidade pa-rece ser ainda maior do que a registada até agora. Em Portugal, estão confirmados 18 casos no continente e 16 na Madeira.
O INSA está a trabalhar mais 70 amostras de casos suspeitos da nova variante detectada no Reino Unido. Os resultados deverão ser conhecidos dentro de quatro a cinco dias.