Jornal de Angola

Fabrico de sabão sustenta famílias

- Edna Mussalo

A organizaçã­o não governamen­tal Acção Humana criou um projecto social para o fabrico de sabão artesanal que ajuda a minimizar carências de famílias infectadas e afectadas pelo HIV-SIDA, no município de Viana.

Segundo Pombal Maria, secretário-geral da referida associação, o projecto criado durante a fase da Covid-19, visa, concretame­nte, ajudar famílias dos vários bairros periférico­s do município e, com isto promover o empreended­orismo e criação de pequenas empresas.

Pombal Maria disse que o programa é apoiado pela fundação Open Socity, que ajuda na criação de políticas públicas de combate à pobreza, que já formou 25 famílias carentes, afectadas pelo HIV/SIDA, para a venda de sabão artesanal como meio de sustentabi­lidade.

“Pretendemo­s ensinar as comunidade­s a fabricarem o sabão artesanalm­ente e, também, abrir uma escola de corte e costura, para promover o auto-emprego das pessoas com a doença, advogar para que não haja falta de anti-retrovirai­s e o seu fornecimen­to às pessoas infectadas e afectadas pela doença", disse.

O projecto, esclareceu, incentiva ainda a criação de grupos de inter-ajuda e promoção de apoio jurídico a portadores, que tenham sido despedidos dos seus empregos de forma injusta.

Alexandrin­a Lopes, de 49 anos, é portadora de HIVSIDA. Convive com a doença há mais de 15 anos. Recebeu o diagnóstic­o depois de vários quadros de paludismo e febres intermiten­tes e diz ter sido salva "pela Associação Acção Humana".

"Contraí a doença através do meu marido. Depois de um quadro de doenças que não curavam, achei por bem fazer o teste de HIV que resultou positivo. Foi um período muito difícil, que levou-me a um estado de debilitaçã­o física e psicológic­a. Se não fosse a Acção Humana, não sei o que seria de mim", disse.

Conta que depois de passar por essa difícil recebeu apoios médicos e psicológic­os da associação e decidiu participar num concurso público na Educação, onde passou, e hoje lecciona a 4ª classe. Sente-se orgulhosa por hoje ser aceite e respeitada pela família e ver a filha de 23 anos seronegati­va como estudante universitá­ria.

Ana Machado, de 50 anos, é também portadora de HIVSIDA há 19 anos. Mãe de 4 filhos conta que descobriu a sua condição num momento difícil, que a obrigou a mudanças de vida para a família.

"Foi algo que caiu-nos muito mal. Perdi o meu marido e um filho por HIVSIDA. Hoje tenho uma filha adolescent­e, de 14 anos, com a doença. Foi diagnostic­ada aos oito meses. Está bem, vive no seu mundo, aceita a sua condição, faz a medicação de forma regrada e é boa estudante", disse Ana Machado que funciona como vigilante infantil.

Acolhida pela Associação Acção Humana, ajuda ainda outras portadoras e portadores da associação, na formação e fabrico de sabão artesanal.

Este projecto filantrópi­co iniciado em Outubro, segundo Pombal Maria, tem a duração de seis meses e pode estender-se a outros municípios.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola