Recolha de lixo
Elisal em acção
Faltam quatro dias para o fim dos contratos entre o Governo Provincial de Luanda ( GPL) e seis operadoras de recolha de resíduos sólidos. Depois do dia 15 passará para a responsabilidade das administrações municipais, comunais e distritais a recolha de resíduos sólidos na capital do país, contando sempre com a intervenção da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (Elisal). Os mais pessimistas, como sempre, foram logo vaticinando focos de lixo por toda a cidade e, consequentemente, o aumento de doenças como a cólera, febre tifóide, disenteria e outras ligadas à contaminação do ar. Os mais optimistas, estes, são de opinião que a qualidade dos serviços prestados pelas seis operadoras não justificam os montantes pagos por tonelada de lixo recolhida, e ainda por cima à taxa de câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA) em vigor. Era um grande negócio para as operadoras e um enorme prejuízo para os cofres públicos. Era um verdadeiro negócio das arábias, que a Elisal podia perfeitamente realizar a custos substancialmente inferiores. Até porque os trabalhadores dessas operadoras têm salários de autêntica miséria e o lixo recolhido não é seleccionado para fomentar a indústria de reciclagem. Numa ronda efectuada ontem, ao município do Cazenga, o segundo maior do país, depois de Viana, com pouco mais de dois milhões de habitantes, deu para perceber que a Elisal tem capacidade técnica de sobra para recolher o lixo na capital do país. Montanhas de lixo acumuladas durante meses, para não dizer anos, foram retiradas em pouco menos de uma semana.
A democracia tem disso
Em democracia acontecem coisas que deixam as pessoas mais sérias com dificuldades de perceber o que determinados jovens desempregados procuram. Sem querer coarctar o direito à manifestação, a verdade é que os 23 jovens que marcharam ontem em Luanda, no percurso bairro São Paulo-Largo dos Ministérios (António Jacinto), para exigir o seu enquadramento no sector da Educação, alegando terem aprovado nos testes do concurso público de admissão e injustamente reprovados, deram um sinal claro de que não representavam coisa alguma. Para fazer o número 23, contados a dedo, até crianças foram levadas a marchar. Debaixo de um sol escaldante, nota positiva vai para a Polícia Nacional, que garantiu segurança e tranquilidade em todo o percurso. Mas, como dizia o outro, a democracia tem dessas coisas.
O Papa Francisco apelou, ontem, à protecção "dos valores democráticos" e recordou que a violência é "autodestrutiva", em alusão ao recente assalto ao Capitólio, em Washington, por parte de uma multidão de seguidores do Presidente cessante, Donald Trump.
"A violência é autodestrutiva, sempre. Nada se ganha e perde-se sempre", afirmou o Papa Francisco, no final da oração do Ângelus, a partir da biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano.
"Saúdo o povo dos Estados Unidos por causa do recente cerco ao Congresso e rezo pelas cinco pessoas que perderam a vida durante esses momentos dramáticos", acrescentou o chefe da Igreja Católica, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Francisco exortou ainda as autoridades Estaduais e toda a população a manter "um alto sentido de responsabilidade, a fim de se acalmar os ânimos, promover a reconciliação nacional e proteger os valores democráticos profundamente enraizados na sociedade norte-americana".
FBI investiga
As autoridades norte-americanas já detiveram dezenas de pessoas que estiveram envolvidas no ataque de quartafeira ao Capitólio e procuram muitas outras.
De acordo com o Washington Post, a Polícia Federal norteamericana (FBI), que está encarregue do caso, procura agora estabelecer se a multidão que irrompeu pela sede do Congresso, para além de criar caos e impedir a certificação do Presidente Joe Biden, queria também fazer reféns ou atentar contra a vida de congressistas.
A publicação esclarece que o FBI inclui essa hipótese na sua investigação porque alguns dos invasores levavam consigo armas ou outro material destinados a deter, imobilizar ou magoar pessoas o que sugeria intenções mais graves do que causar caos. Foram identificados, em invasores, algemas de plástico, para além de um homem que foi detido com uma arma de fogo. Foram ainda encontradas outras armas no local e dois engenhos explosivos.
"Não estamos a olhar para isto como uma grande conspiração, mas, estamos interessados em saber o que iam fazer com braçadeiras de plástico", disse à publicação um responsável das autoridades, que, como muitos outros, falou sob condição de permanecer anónimo. Uma das hipóteses em cima da mesa é que alguns dos invasores sejam actuais ou antigos agentes de autoridade ou militares.