Escassez de bom senso
abruptos nas emissões da ZAP mantêm-se, bastando que os assinantes qualquer um deles importante para a existência da empresa - se atrasem um minuto no pagamento do serviço contratado.
A atitude dos “mandachuvas” daquela estação, reveladora de falta de bom senso e de sentido de serviço público, não fica por aqui, pois ao cortar a própria programação, a ZAP impede, em simultâneo, o acesso dos telespectadores aos canais públicos de televisão! São atitudes destas que fazem amiúde lembrar tempos recentes do “podemos, queremos, mandamos” instaurados pelas cortes de emergentes de novos-ricos, que somente não nos tiraram as estrelas, porque não lhes chegavam. Caso contrário, tinham-se aproveitado delas para decorarem fatiotas, os salões de se banquetearem, provavelmente vendê-las.
Num momento de pandemia, como a que vivemos, que exige mínimo de exposição pública e o máximo de recolhimento - possível de encontrar em casa, como em mais nenhum sítio - a desconsideração da ZAP tem várias interpretações. Uma delas, incentivo ao desrespeito pelo decretado por lei para evitar o vírus que continua activo, como demonstram os números de infecções, designadamente em Luanda, a província mais afectada, por motivos óbvios.
Os cortes do serviço da televisão pública, que deviam merecer a atenção devida do próprio Executivo, voltam a comprovar que o país precisa de um organismo autenticamente independente (qualquer dicionário tem o significado da palavra), com trabalhadores que façam jus a esta designação e justifiquem o que lhes é pago.