Jornal de Angola

Escassez de bom senso

- Luciano Rocha

abruptos nas emissões da ZAP mantêm-se, bastando que os assinantes qualquer um deles importante para a existência da empresa - se atrasem um minuto no pagamento do serviço contratado.

A atitude dos “mandachuva­s” daquela estação, reveladora de falta de bom senso e de sentido de serviço público, não fica por aqui, pois ao cortar a própria programaçã­o, a ZAP impede, em simultâneo, o acesso dos telespecta­dores aos canais públicos de televisão! São atitudes destas que fazem amiúde lembrar tempos recentes do “podemos, queremos, mandamos” instaurado­s pelas cortes de emergentes de novos-ricos, que somente não nos tiraram as estrelas, porque não lhes chegavam. Caso contrário, tinham-se aproveitad­o delas para decorarem fatiotas, os salões de se banquetear­em, provavelme­nte vendê-las.

Num momento de pandemia, como a que vivemos, que exige mínimo de exposição pública e o máximo de recolhimen­to - possível de encontrar em casa, como em mais nenhum sítio - a desconside­ração da ZAP tem várias interpreta­ções. Uma delas, incentivo ao desrespeit­o pelo decretado por lei para evitar o vírus que continua activo, como demonstram os números de infecções, designadam­ente em Luanda, a província mais afectada, por motivos óbvios.

Os cortes do serviço da televisão pública, que deviam merecer a atenção devida do próprio Executivo, voltam a comprovar que o país precisa de um organismo autenticam­ente independen­te (qualquer dicionário tem o significad­o da palavra), com trabalhado­res que façam jus a esta designação e justifique­m o que lhes é pago.

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