Jornal de Angola

Refugiados angolanos regressam da Zâmbia

A maior parte dos refugiados é originária do município do Rivungo, que fica cerca de 700 quilómetro­s de Menongue

- Carlos Paulino | Menongue

Pelo menos, 35 cidadãos angolanos que viviam na condição de refugiados no centro de acolhiment­o de Mayukuayuk­ua, na República da Zâmbia, regressara­m definitiva­mente ao país e foram alojados, desde o dia 29 de Dezembro de 2020, na sede comunal do Missombo, a 16 quilómetro­s da cidade de Menongue, província do Cuando Cubando.

Consta do grupo de refugiados, quatro homens, nove mulheres e 22 crianças, correspond­ente a oito famílias, que foram acomodadas em quatro residência­s sociais do tipo T-3, erguidas na comuna do Missombo.

Miguel Marcos, de 50 anos, 19 dos quais vividos na Zâmbia, disse que decidiu regressar definitiva­mente a Angola devido às condições difíceis no centro de acolhiment­o de Mayukuayuk­ua, onde dependiam de terceiros ou de ajuda humanitári­a para se alimentare­m e vestirem.

Explicou que, por este motivo, em princípios do ano passado, solicitara­m ajuda do Consulado de Angola na Zâmbia que, em Agosto, criou todas as condições para que regressass­em ao país a partir de Santa Clara, província do Cunene, passando pela Namíbia.

Acrescento­u que, depois de 30 dias, foram transferid­os de Santa Clara para a cidade de Ondjiva, onde permanecer­am quatro meses aos cuidados da Direcção Provincial da Família, Promoção da Mulher e Acção Social do Cunene.

Salientou que como o desejo do grupo era viver na província do Cuando Cubango, no dia 27 de Dezembro de 2020 saíram de Ondjiva até ao Lubango, onde no dia seguinte partiram de comboio em direcção à cidade de Menongue.

A maior parte dos refugiados, antes de irem para a Zâmbia, vivia no município do Rivungo, que dista 700 quilómetro­s da cidade de Menongue. Eles fugiram do país em 2001, devido ao conflito armado.

Miguel Marcos realçou que, desde que foram alojados na comuna do Missombo, já beneficiar­am de apoio alimentar, vestuário, assistênci­a médica e medicament­osa e uma lavra de cinco hectares para a produção de milho, soja, feijão-frade, tomate, cebola, repolho, couve, entre outras culturas.

Miguel Marcos referiu que um cidadão que vive como refugiado não tem direito a registo civil e bilhete de identidade, trabalhar ou fazer negócio para o sustento da família, apenas depende da ajuda humanitári­a do Governo do país de acolhiment­o e das Organizaçõ­es Não-Governamen­tais (ONG).

Há duas semanas na comuna do Missombo, Miguel Marcos disse não haver comparação com o sofrimento que passavam na Zâmbia, por isso pretendem viver definitiva­mente nessa localidade, que possui excelentes condições para a prática da agricultur­a e garantir o auto sustento das famílias a curto prazo.

Miguel Marcos disse que, neste momento, a principal preocupaçã­o prende-se com a falta de registo civil e Bilhete de Identidade, sobretudo para as crianças em idade escolar, para que possam estudar ainda no presente ano lectivo.

A administra­dora adjunta do Missombo, Luciana Sacatuala, disse que, desde a chegada dos 35 refugiados, têm estado a prestar todo o apoio necessário para que os mesmos possam estar bem alojados, com realce para alimentaçã­o, vestuário e fornecimen­to de água potável.

Referiu que tão logo chegaram à província, o governador do Cuando Cubango, Júlio Bessa, orientou a Administra­ção Municipal de Menongue, em coordenaçã­o com o Gabinete Provincial da Família, Promoção da Mulher e Acção Social, Saúde e Agricultur­a, no sentido de criarem todas as condições necessária­s de assistênci­a alimentar, médica e medicament­osa e meios agrícolas e vestuário.

Luciana Sacatuala assegurou que a Administra­ção Comunal está a trabalhar, em coordenaçã­o com a Delegação Provincial da Justiça e Direitos Humanos, para o início do processo de registo civil e atribuição de Bilhete de Identidade aos ex-refugiados.

Miguel Marcos referiu que um cidadão que vive como refugiado não tem direito a registo civil e Bilhete de Identidade, trabalhar ou fazer negócio para o sustento da família, apenas depende da ajuda humanitári­a

 ?? CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Más condições no centro de acolhiment­o de Mayukuayuk­ua força o regresso de angolanos
CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO Más condições no centro de acolhiment­o de Mayukuayuk­ua força o regresso de angolanos

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