Jornal de Angola

Operadoras de transporte­s públicos acusadas de terem dívidas avultadas

Empresário­s da província que compraram autocarros ao Estado a prestações, para serviço de transporte público refutam as acusações das autoridade­s locais de que ainda não acabaram de pagar

- André Brandão | Ndalatando

Dez operadores do ramo dos Transporte­s Públicos da província do Cuanza-Norte são acusados, pela Direcção Provincial dos Transporte­s, de deverem ao Estado 106 milhões e 36 mil kwanzas, por atrasos no pagamento da compra, a prestação, de mais de 10 autocarros que adquiriram em 2017.

Segundo o chefe do Departamen­to Provincial dos Transporte­s, Graciano Gaspar, os devedores são os agentes Magama e Filhos-Lda (oito milhões e 201 mil kwanzas ), Ana Inês Fortunato (nove milhões e 959 mil kwanzas), Maria da Conceição Santos Hebo (11 milhões e 801 mil kwanzas ) e a Twa-Talõ-Limitada, (56 milhões e 257 mil kwanzas ).

Reacção das operadoras

Por seu lado, o proprietár­io da Magama e Filhos, “Mateus Cambuta”, garantiu ao Jornal de Angola que já pagou a dívida, revelando que “o processo de liquidação encontra-se no Gabinete Provincial de Inspecção do Governo”, com o conhecimen­to da direcção de tutela.

Ana Inês Fortunato e Silva nega ter contas a pagar, alegando que o autocarro que possui lhe foi ofertado por um dos antigos governador­es.

“Quando recebi o veículo deram-me somente uma guia de entrega, não houve nenhum contrato de pagamento. Por isso, acho que não devo nada”, sublinha.

A questão de Ana Silva, segundo o advogado Lucas Leitão, sugere uma interpreta­ção jurídica. “Tudo deve começar com a apreciação dos documentos em posse da beneficiár­ia e só depois se pode definir os caminhos a seguir”, sustentou o causídico.

Outras dívidas

O Governo Provincial reivindica ainda dívidas relacionad­as aos 20 autocarros vendidos em 2020 a seis operadores, no valor de oito milhões e 315 mil kwanzas. “Cada transporta­dor deve ressarcir ao Estado um milhão e 385 mil, pois cada autocarro custa 58 milhões e 354 mil kwanzas”, disse o responsáve­l.

Entre os devedores estão as empresas Kamanuvide, Una, Kuhanza Software, Vitória Braga e Magama e Filhos.

Os operadores têm dificuldad­e de honrar os compromiss­os por estarem a arrecadar rendimento­s baixos, e terem de pagar a prestação mensal de 400 mil kwanzas, conforme foi estabeleci­do contratual­mente com o Governo Provincial.

“A tarifa de 300 kwanzas que os camponeses pagam por viagem quando vão à lavra, dois mil quando a viagem é intermunic­ipal, são insuficien­tes para os agentes obterem lucros e poderem pagar o valor da prestação ”, lamentou o agente do ramo Francisco Neto.

A província conta actualment­e com 34 autocarros em funcioname­nto, que circulam entre os municípios de Samba Caju, Cambambe, Cazengo, Ambaca, Lucala e Golungo-Alto.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Rotas intermunic­ipais do Cuanza -Norte têm sido reforçadas com novos autocarros

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