Jornal de Angola

Tornar a Terra um lugar melhor para se viver

- Osvaldo Gonçalves

Diques da desgraça sazonal

Uma equipa teć nica afecta à Empresa de Águas e Saneamento está a trabalhar para a recuperaçã­o dos diques de retenção do rio Catumbela, província de Benguela, que cederam na última sexta-feira por forca̧ das aǵ uas das chuvas. Acontece todos os anos e nesta época a mesma coisa. De tão repetitivo, as pessoas começam a desconfiar da qualidade das obras. Sem exagerar, os diques de retenção do rio Catumbela são os que mais rompem no mundo. Façam obras de verdade! Deixem de atirar rio abaixo avultadas somas de dinheiro com obras descartáve­is.

As redes sociais são objecto de estudos aturados pelas mais diferentes razões, nem sempre as melhores. Num Mundo cada vez mais digital, com o crime a migrar para esse segmento – desde o início da pandemia causada pelo novo coronavíru­s, os cybercrime­s passaram a figurar em segundo lugar no Planeta -, é importante assinalar que o 11 de Janeiro, Dia Internacio­nal do Obrigado, surgiu por iniciativa de usuários e aos poucos ganhou o seu espaço na Internet.

Embora seja uma data pouco conhecida, o 11 de Janeiro reforça a ideia da necessidad­e de agradecer a todos aqueles que fazem parte da vida das pessoas e que ajudam e alegram só por existirem.

Vasco Botelho de Amaral, autor do “Grande Docionário de Dificuldad­es e Subtilezas do Idioma Português” lamentava-se que “as expressões de cortesia estão a rarear, não por culpa do idioma, que nelas é fértil, mas por culpa dos falantes”.

Já Isabel Menezes, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universida­de do Porto, autora de um estudo sobre educação cívica em Portugal e especialis­ta em questões de educação para a cidadania e participaç­ão cívica e política dos jovens, refere que a raiz do problema está nas instituiçõ­es.

Numa entrevista a propósito da data, ela afirmou que as pessoas reconhecem e agradecem o trabalho que é feito, mas em termos institucio­nais deveríamos agradecer mais. “Se há alguma coisa em que haja um défice de obrigada não é tanto nas relações entre pessoas, mas no reconhecim­ento institucio­nal do trabalho que é feito por outras pessoas. Aí era importante que houvesse um reforço do reconhecim­ento e do agradecime­nto”, disse.

A docente universitá­ria referiu ainda que a questão merece auto-reflexão: “Os mais novos passam por várias fases e enquanto sociedade valorizamo­s a questão de dizer obrigada. Mas nós também muitas vezes temos a atitude de dizer que as crianças e jovens devem dizer obrigada, mas nem sempre temos um gesto de reciprocid­ade e agradecer a simpatia de um jovem. Estes dias podem ser aproveitad­os para auto-reflexão e dizer: eu se calhar tenho que agradecer mais vezes e reconhecer mais vezes o que os outros me fazem”.

Embora os idiomas, de forma geral, e a língua porguesa, em particular, sejam férteis em expressões de agradecime­nto, a falta de uso constante reflecte-se pelo desconheci­mento da melhor forma de empregá-las.

Volta e meia, acontecem situações, em particular nos órgãos de comunicaçã­o social, o que as torna mais evidentes, que, de tão caricatas, acabam por se tornar memes. Elas dizem respeito, nomeadamen­te, ao género aplicado.

Afinal, diz-se “obrigado” ou “obrigada”. O problema parece menor quando tal acontece com as senhoras, mas, tornam-se demasiado claras quando é ao contrário, o que tem a ver com o carácter machista da sociedade.

Noseu“Dicionário­deQuestões Vernáculas”, Napolleão Mendes de Almeida explica que “não importa que o agradecime­nto seja formulado a homem ou a mulher; o que importa é quem expressa gratidão, se mulher ou homem”.

Assim, a palavra “obrigado” deve concordar em género e número com o sujeito que agradece. Se for masculino, diz obrigado, se é feminino, “obrigada”; se se tratar de um sujeito masculino plural, a expressão correcta é “obrigados” e feminino plural “obrigadas”.

Outros levam a questão mais para o lado da virilidade do sujeito que agradece, daí que, para muitos, agradecer fica melhor às mulheres que aos homens, mesmo que se tenha a ideia (poética? utópica?) de que, sempre que é pronunciad­a, a palavra “obrigado” ganha o Mundo e torna o Planeta um lugar melhor para se viver.

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