Rosa Fançony
Combateu um bom combate
Quem leu os dados biográficos na necrologia de Rosa Fançony dos Santos, que foi a sepultar sexta-feira, em Luanda, terá ficado com a triste sensação de que o país acaba de perder uma grande nacionalista pouco conhecida do grande público. Pena mesmo é que se bebeu muito pouco dessa biblioteca da luta armada contra o colonialismo português. Os historiadores perderam uma soberana oportunidade para levar ao público uma parte importante da participação dessa extraordinária mulher na luta anti-colonial. Católica praticante e uma defensora de causas justas, Rosa Fançony dos Santos deixa, aos 85 anos, um grande legado por explorar. Ela fez parte do grupo especial de guerrilheiros que protagonizou, audaciosamente, a longa marcha de Leopoldiville (actual Kinshasa, capital da RDC) para o interior de Angola, integrando as colunas Kamy, Cienfuegos e Ferraz Bomboko, que escalaram a montanha de “Cala Boca” e abriram caminhos nas chanas do leste durante a luta armada contra o colonialismo português. Enfermeira-guerrilheira, Rosa Fançony dos Santos dedicou-se com zelo a salvar vidas e a cuidar dos guerrilheiros feridos em combate. Foi uma extraordinária mãe e uma verdadeira patriota, que nunca exigiu mordomias, aceitando, sem nunca reclamar, o minguante subsídio da patente de capitã. É gratificante saber que ela combateu o bom combate, terminou a carreira e guardou a fé.