Trump sob ameaça de mais um processo de destituição
Os líderes da Câmara dos Representantes começaram, ontem, a trabalhar no processo que aprova a legislação que força o Presidente cessante a deixar o cargo
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou que vai ser avançada legislação para um novo processo de destituição contra o Presidente cessante, Donald Trump.
Numa carta aos Democratas naquela câmara do Congresso norte-americano, Pelosi escreveu que vai ser pedido ao Vice-Presidente, Mike Pence, que seja "activada a 25ª Emenda da Constituição para declarar o Presidente incapaz de executar os deveres do cargo".
Caso isto não aconteça, será então "levada à discussão a legislação de destituição".
"Ao proteger a nossa Constituição e a nossa Democracia, vamos agir com urgência, porque este Presidente representa uma ameaça iminente a ambas. À medida que os dias passam, o horror do assalto em curso sobre a nossa democracia cometido por este Presidente é intensificado e também é a necessidade imediata de acção", pode ler-se no documento.
Segundo a Associated Press, líderes na Câmara dos Representantes começaram a trabalhar, ontem, para aprovar a legislação que force Pence a afastar Trump do cargo e a assumir a Presidência durante os dias que restam cumprir do mandato, embora seja quase certo que
os republicanos vão bloquear essa tentativa. Caso essa rejeição se confirme, a Câmara dos Representantes reúnese, amanhã, para um voto em plenário.
Desde quarta-feira, quando o Capitólio foi atacado e invadido por centenas de apoiantes de Trump e cinco pessoas, incluindo um agente da Polícia do Capitólio, morreram, que têm sido várias as vozes a reclamar que o Presidente cessante abandone o cargo imediatamente, sem esperar pela tomada de posse de Joe Biden.
Outros eleitos do Partido Republicano, como os senadores Josh Hawley, do Missouri, e Ted Cruz, do Texas, têm também enfrentado múltiplas críticas e apelos para que se demitam por terem apoiado, sem provas, a contestação à eleição de Biden.
Os senadores republicanos Pat Toomey, da Pensilvânia, e Lisa Murkowski, do Alaska, apelaram, no domingo, a Trump para que "se vá embora o mais rápido possível".
Outros senadores republicanos mostraram-se menos insistentes face ao ainda Presidente, mas admitiram pensar em votar favoravelmente pela destituição.
Pelosi já havia afirmado, no sábado, que é "absolutamente essencial que aqueles que cometeram o ataque contra
a democracia sejam responsabilizados". Por seu lado, o ainda líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse que um processo de destituição naquela câmara do Congresso não poderia arrancar antes do dia da tomada de posse, em 20 de Janeiro.
No começo de 2020, os democratas processaram Trump pelas pressões que exerceu sobre o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, para que investigasse Joe Biden com o objectivo de dificultar as suas aspirações presidenciais.
O processo político contra Trump fracassou no Senado, onde os republicanos tinham a maioria até quarta-feira, na sequência da vitória dos dois candidatos democratas nas eleições para o Senado no Estado da Geórgia.
Pelosi, bem como o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, já na quinta-feira tinham anunciado que iriam pedir ao VicePresidente, Mike Pence, para invocar a 25ª Emenda da Constituição, que permite retirar poderes ao Presidente por incapacidade de exercício de funções.
Se Donald Trump for removido do cargo de Presidente por destituição ficará impedido de concorrer novamente à Casa Branca.