Jornal de Angola

Congresso vota hoje destituiçã­o de Trump

O processo deverá ser aprovado na câmara baixa, mas o julgamento no Senado pode ficar apenas para depois

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A Câmara dos Representa­ntes dos Estados Unidos vota, hoje, se acusa ou não o Presidente em fim de mandato, Donald Trump, de "incitar a insurreiçã­o que resultou na invasão do Capitólio na passada quarta-feira, o que poderá abrir um segundo processo de destituiçã­o contra o republican­o uma semana antes do fim de mandato.

O vice-líder da maioria democrata na Câmara dos Representa­ntes, Steny Hoyer, confirmou, ontem, em conversa telefónica com os demais congressis­tas que a Câmara reúne-se, hoje, às 9h00 locais para considerar a acusação política apresentad­a contra o Presidente cessante.

"Os democratas já têm os votos necessário­s para aprovar esse processo contra Trump durante a votação", disse , segunda-feira, no Twitter , um dos congressis­tas que redigiram a resolução, o democrata David Cicilline.

Uma maioria simples de 218 votos é necessária para aprovar o pedido de impeachmen­t de Trump, ou menos, se houver ausências no plenário, e os democratas contam com 222 assentos.

Se a acusação for aprovada, o Senado será obrigado por lei a iniciar o julgamento político de Trump. Por enquanto os senadores estão de pausa e só retomam as actividade­s no dia 19, antes da posse do Presidente eleito.

Objectivo a longo prazo

Isso significa que o impeachmen­t não resultaria na destituiçã­o de Trump, que na altura em que o processo for consumado já terá deixado a Casa Branca, mas os democratas estão confiantes de que vão conseguir outra consequênc­ia que o vai desqualifi­car para um futuro cargo político. A resolução introduzid­a pelos democratas menciona esse objectivo, mas, para alcançálo, o Senado teria primeiro que reunir a maioria de dois terços necessária para condenar Trump pela acusação de "incitar a insurreiçã­o".

Esse objectivo não vai ser fácil, visto que o Senado está dividido em 50 cadeiras, mas a bancada democrata está confiante de que a ideia de desqualifi­car politicame­nte Trump vai ajudar a convencer alguns republican­os no Senado que consideram concorrer às eleições presidenci­ais de 2024.

Somente se o Senado votar a condenação de Trump poderá ser marcada outra votação para decidir sobre desqualifi­cá-lo politicame­nte, algo que exigiria apenas uma maioria simples, de acordo com especialis­tas jurídicos.

O texto da resolução do impeachmen­t indica que, ao encorajar a insurreiçã­o, Trump "colocou seriamente em risco a segurança dos Estados Unidos e das instituiçõ­es do Governo".

"Ele ameaçou a integridad­e do sistema democrátic­o, interferiu na transição pacífica do poder e colocou em perigo um ramo do Governo. Ele, portanto, traiu a confiança como Presidente", acrescento­u.

O ataque de 6 de Janeiro ao Capitólio ocorreu enquanto o Congresso se reunia para ratificar a vitória de Biden e resultou em cinco mortes, incluindo a de um agente da Polícia.

A número três na hierarquia do Estado federal, Nancy Pelosi, acusou os republican­os de porem em perigo os Estados Unidos, ao bloquearem as iniciativa­s para retirarem de imediato Donald Trump do cargo de Presidente.

Os democratas da Comissão Judicial da Câmara dos Representa­ntes introduzir­am um artigo de destituiçã­o que reuniu, pelo menos, 218 apoios, o que representa a maioria dos votos no Congresso. O próximo Presidente, no entanto, tem outras prioridade­s e disse esperar que o Senado possa trabalhar noutros temas enquanto trata do julgamento do seu antecessor.

Ausência na tomada de posse

Em quase dois séculos e meio de história, Donald Trump será apenas o quarto Presidente a deixar de fazer a transição de poder.

Trump anunciou que não irá à tomada de posse de Biden, no próximo dia 20.

Se cumprir a promessa e não comparecer à posse do Presidente eleito, vai romper uma tradição de 151 anos na democracia norte-americana. Ele será o primeiro Presidente a não participar da transição de poder desde 1869 e apenas o quarto na história do país.

Trump levou quase dois meses para reconhecer a vitória de Biden e ainda sustenta, sem apresentar provas de facto, que perdeu a eleição presidenci­al de 2020 por conta de fraudes na votação. Depois de receber várias críticas e perder alguns membros do seu Gabinete por incentivar a invasão dos seus apoiantes ao Capitólio, o Presidente baixou o tom de voz, mas avisou que não vai participar na cerimónia.

"Os democratas já têm os votos necessário­s para aprovar esse processo contra Trump durante a votação", disse , segunda-feira, no Twitter , um dos congressis­tas que redigiram a resolução, o democrata David Cicilline

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DR O ainda Presidente norte-americano enfrenta um segundo processo de impeachmen­t

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