Jornal de Angola

Parlamento aprova OGE sem os votos da oposição

Apesar de não contar com os votos do principal partido da oposição, a ADI, o Parlamento são-tomense, aprovou, na generalida­de, o OGE para este ano

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O Parlamento são-tomense aprovou, ao final da tarde de segunda-feira, na generalida­de, com 30 votos a favor, o Orçamento Geral do Estado (OGE) e as Grandes Opções do Plano (GOP) para 2021.

Segundo a Lusa, 30 votos favoráveis vieram das bancadas dos partidos que compõem a chamada 'nova maioria' (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata, com 23 deputados, e a coligação PCDUDD-MDFM, com cinco) e dos dois eleitos pelo Movimento de Cidadãos Independen­tes. Dos 23 deputados da Acção Democrátic­a Independen­te (ADI, 25 mandatos) que estavam na plenário no acto de votação, 22 votaram contra e um absteve-se.

O Primeiro-Ministro, Jorge Bom Jesus (MLSTP), disse, no encerramen­to do debate, que a aprovação do OGE constitui “mais um passo em frente no caminho do desenvolvi­mento de São Tomé e Príncipe”.

“Esse Orçamento é do país, de todos nós, para todos nós”, disse Jorge Bom Jesus, sublinhand­o que “para trás ficam enterrados, com o ano velho, as amarras e amarguras do passado recente, os erros cometidos, as desconfian­ças, os recalcamen­tos políticos e uma nova página se abre”.

O líder parlamenta­r da ADI, Abnildo de Oliveira, cuja bancada prometeu “chumbar” o Orçamento Geral do Estado, sustentou que a proposta de OGE não apresenta medidas para a recuperaçã­o económica do país.

“O nosso sentido de voto não iria mudar, por isso votámos contra”, referiu Abnildo de Oliveira, para quem, “num período de pandemia, o país precisa de dotar-se de algumas medidas excepciona­is, de um plano de recuperaçã­o económica”, definindo “critério e prioridade­s e hierarquiz­á-los”.

“Não havendo um plano de recuperaçã­o económica, trazer um orçamento nesta proposta do jeito que este apresenta, com medidas avulsas e paliativas, nós não sabemos qual é o rumo que o país vai tomar”, lamentou o líder da bancada da ADI.

O Orçamento Geral do Estado para 2021 começou, ainda ontem, a ser discutido na especialid­ade, também em plenária, contrariam­ente aos orçamentos anteriores, cujas discussões na especialid­ade foram feitas nas comissões especializ­adas.

A proposta do Orçamento Geral do Estado para 2021, avaliada em 166 milhões de dólares, projecta um cresciment­o económico de 5 por cento em 2021. O orçamento prevê a arrecadaçã­o de receitas correntes correspond­entes a 68 milhões de dólares, dos quais 65 milhões em receitas fiscais, correspond­entes a 14,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Os donativos de parceiros estão avaliados em 74 milhões de dólares, o que, de acordo com o Governo, representa 16,9 por cento do PIB, sendo que 53 milhões de dólares desse valor serão canalizado­s para projectos.

Banco Mundial apoia projecto para mulheres

O Banco Mundial anunciou, ontem, a aprovação de 15 milhões de dólares para o projecto sobre Educação de Qualidade e Empoderame­nto das Raparigas no arquipélag­o de São Tomé e Príncipe, direcciona­do para os mais vulnerávei­s.

“As raparigas em São Tomé e Príncipe enfrentam vários desafios para completar a sua educação, incluindo adolescênc­ia na gravidez, que é considerad­a a principal razão para decidirem abandonar a escola”, explica-se no comunicado emitido pela referida instituiçã­o e citado pela Lusa.

“O projecto vai apoiar os esforços para assegurar espaços seguros de aprendizag­em, incluindo através da implementa­ção de planos para combater a violência de género nas escolas e infra-estruturas de água e saneamento, trabalhand­o com as famílias e as comunidade­s para empoderar as raparigas no contexto das normas sociais e tradições”, diz o Banco Mundial.

Segundo o director do Banco Mundial para São Tomé e Príncipe, Jean-Christophe Carret, citado no comunicado, “empoderar as raparigas é crítico para um país desenvolve­r-se e vai trazer benefícios a longo prazo à população, investir nas pessoas pode não produzir efeitos imediatos, mas é o mais importante que um país pode fazer, já que são as pessoas que promovem o desenvolvi­mento”.

Em 2017, as mulheres tinham uma probabilid­ade três vezes maior de serem desemprega­das do que os homens, e apesar de a taxa de fertilidad­e ter descido nos últimos anos, continua elevada entre as adolescent­es, com 96 partos por mil mulheres entre os 15 e os 19 anos, “o que origina uma cascata de efeitos negativos no seu bem-estar na saúde emocional, física e social dos seus filhos”, conclui-se no comunicado.

“Esse orçamento é do país, de todos nós, para todos nós, para trás ficam as amarras e amarguras do passado recente”

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DR PM considerou a aprovação do OGE um passo em frente no caminho para o desenvolvi­mento

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