Itália realiza o maior julgamento anti-máfia
O maior julgamento antimáfia em Itália dos últimos 30 anos, com o envolvimento de cerca de 350 réus, muitos presumíveis membros da Ndrangheta, a máfia calabresa, iniciou-se, ontem, no Sul do país, constatou a agência France Press.
O”maxi-julgamento” decorre num grande armazém transformado em Tribunal em Lazia Terme, cidade da Calábria, sob a liderança do conhecido procurador Nicola Gratteri.
Acusados de associação mafiosa, assassínio e tentativa de assassínio, tráfico de drogas, extorsão, abuso de poder, ocultação e lavagem de dinheiro, mafiosos, mas também polícias, eleitos locais e empresários, passarão pela barra do Tribunal, embora através de videoconferência devido à pandemia do novo coronavírus.
São igualmente esperados mais de 900 testemunhas e 400 advogados.
No banco dos réus está o líder de clã Luigi Mancuso, que já passou quase 20 anos na prisão, mas também dezenas de outros ligados à organização criminosa com apelidos como: “Lobo”, “Gordinho”, “Lourinha” e “Cabrinha”. Este julgamento é “um marco na construção de um muro contra as máfias em Itália”, disse, na véspera da abertura do processo, à AFP o procurador Nicola Gratteri, que defende que a Ndrangheta deve ser vista como uma “'holding' do crime”.
Quase 60 testemunhas da acusação aceitaram quebrar a omertà, a lei do silêncio, para revelar os segredos do clã Mancuso e associados, o que é um facto raro na máfia calabresa, construída sobre os laços de sangue e que pune impiedosamente os “arrependidos”.