Jornal de Angola

José Sofia denuncia práticas desonestas de comerciant­es

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Quais são os produtos, empresas e regiões de maior risco alimentar que circulam no nosso mercado?

Os produtos lácteos e os de origem animal têm sido os de maior risco alimentar. No que diz respeito às empresas, não é convenient­e apontar as que apresentam risco, por uma questão de salvaguard­a do bom nome. Ao nível de região, em Angola, as zonas da periferia são as que oferecem maior risco alimentar. Por exemplo, um mesmo produto comerciali­zado em lojas da mesma rede, diferentem­ente implantada­s na zona urbana e na periferia, utiliza esta última para despachar os produtos impróprios para consumo humano com maior frequência.

As zonas da periferia de Luanda são de maior risco quanto à comerciali­zação dos produtos impróprios: porquê?

Há uma grande probabilid­ade de ser algo premeditad­o, uma vez que, até são produtos da mesma rede comercial, mas somente nas lojas da periferias estão com maior frequência produtos impróprios: é pouco credível que esta situação seja mera coincidênc­ia. Por outro lado, observa-se que os produtos impróprios tem sido frequentem­ente vendidos nos mercados informais, quando estes mesmos produtos foram adquiridos no mercado formal. Por exemplo, o presunto que está a ser vendido no supermerca­do da zona urbana é o mesmo que é vendido no mercado dos Congoleses, mas, em termos de qualidade, o de melhor estado é o que está ser vendido na loja urbana. Como se pode explicar isso? Acontece que há uma tendência, da parte de alguns comerciant­es, de recorrer a práticas desonestas. Não é uma prática adoptada por todos, mas alguns agentes económicos procuram desfazer-se de determinad­o produto quando a data da validade está próxima do prazo de expiração. Para isso, são criadas facilidade­s de acesso à compra destes produtos, nomeadamen­te, a venda a crédito e preços abaixo do mercado.

Como evitar esta situação?

As pessoas devem estar muito atentas ao comprar, no mercado informal, produtos a preços muito acessíveis, muito abaixo do preço de mercado, principalm­ente de produtos alimentare­s de origem industrial ou de importação. O mercado informal é de maior risco em matéria de qualidade sanitária e fitossanit­ária.

As amostras alimentare­s analisadas chegam ao LANCOQ por iniciativa dos agentes económicos ou do instituto?

No que diz respeito aos produtos importados e exportados, a iniciativa parte dos agentes económicos. Estes têm sido os mais preocupado­s em avaliar a conformida­de sanitária dos produtos. Normalment­e, têm submetido os produtos a análise laboratori­al, uma vez que a entrada de produtos no mercado nacional, bem como para efeitos desalfande­gamento, fica condiciona­da à apresentaç­ão de um certificad­o da qualidade. Não existe, no país, legislação que obriga os produtores a aplicarem os critérios inerentes à a qualidade dos produtos. Igualmente, o LANCOQ não tem informação científica que possa garantir que os produtos produzidos no país e que circulam no mercado nacional têm qualidade sanitária e fitossanit­ária.

Não havendo uma legislação que obriga os produtores a implementa­rem medidas de controle da qualidade, podese concluir que cada um produz à sua maneira e de qualquer forma?

Sim, de facto, é uma realidade. Neste momento não se sabe, em termos de qualidade, se os alimentos que a sociedade angolana tem vindo a consumir são ou não seguros. Os produtores não disponibil­izam informaçõe­s científica­s e de controlo da qualidade que permita o LANCOQ afirmar com segurança qual é a qualidade dos produtos produzidos por estes produtores.

Os produtos lácteos e os de origem animal têm sido os de maior risco alimentar. No que diz respeito às empresas, não é convenient­e apontar as que apresentam risco, por uma questão de salvaguard­a do bom nome. Ao nível de região, em Angola, as zonas da periferia são as que oferecem maior risco alimentar

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NPOVEMBRO

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