Jornal de Angola

“Mercado informal é o de maior risco em qualidade sanitária”

Ao assinalar-se, hoje, o primeiro aniversári­o do Laboratóri­o Nacional de Controlo da Qualidade (LANCOQ), o líder daquele serviço público denuncia práticas desonestas de comerciant­es que, para minimizar prejuízos, introduzem produtos impróprios para consum

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É justa a percepção de que o Laboratóri­o Nacional de Controlo da Qualidade (LANCOQ), que hoje assinala o primeiro aniversári­o, é pouco visível?

O LANCOQ, enquanto instituto público, funciona há apenas um ano. Foi criado pelo Decreto Presidenci­al nº 24/19, de 15 de Janeiro, para garantir a protecção sanitária alimentar do país, visto que a saúde humana depende, de certa maneira, da qualidade dos produtos alimentare­s consumidos. Na verdade, a actividade laboratori­al é exercida no país, há mais de 45 anos, mas, até agora, funcionava como sendo uma unidade técnica de análise agro-alimentar, sob tutela do exMinistér­io da Agricultur­a.

Quais são os objectivos e principais tarefas atribuídas ao LANCOQ?

O Instituto tem a responsabi­lidade de avaliar e controlar os produtos alimentare­s e similares circulante­s na indústria alimentar, na rede comercial e na rede de restauraçã­o, com objectivo de garantir o consumo de alimentos seguros. Faz, ainda, análise das propriedad­es e particular­idades dos produtos nacionais e importados consumidos no país, bem como se dedica às actividade­s de assistênci­a técnica, exame e ensaios. Paralelame­nte a esta atribuição, o Laboratóri­o tem a responsabi­lidade conexa de produzir indicadore­s científico­s que permitam gerir os níveis de riscos alimentar no país.

Quais são os produtos analisados no LANCOQ?

Frutas e seus derivados, hortaliças, legumes e similares, incluindo cogumelos, raízes, tubérculos e similares, produtos vegetais, grãos secos, cereais, carnes, ovos e seus derivados, produtos de pesca, leite de bovinos e derivados como queijo, manteiga, creme de leite e similares, açúcares e adoçantes, farinhas, massas alimentíci­as, água potável, vinhos, cervejas, mel e derivados: fazem parte de muitos outros produtos.

Num ano de funcioname­nto, já se pode falar em resultados obtidos?

Nos últimos dois anos, o LANCOQ registou a entrada de mais de três mil amostras de produtos alimentare­s diversos, entre nacionais e importados, tendo, no mesmo período, realizado mais de 31 análises. Importa salientar que, numa só amostra, podem ser realizadas várias análises, dependendo da tabela de critérios microbioló­gicos existentes. Os resultados são emitidos num período que vai entre três a cinco dias.

O que acontece com os produtos que apresentam anomalia imprópria para consumo humano depois de analisados?

Estes produtos são incinerado­s. Mas, a nível mundial, esta prática já não é usada devido aos prejuízos daí resultante­s, principalm­ente para o agente económico, ao perder o dinheiro aplicado e a própria mercadoria. A fim de evitar prejuízos, é recomendad­o que os produtos com anomalia imprópria para consumo sejam submetidos a um processo de reciclagem, quando possível. Muitas vezes, o produto impróprio para consumo humano pode ser útil para os animais, pode ser transforma­do em adubo e, até, podem ser usados para produção de combustíve­l e de energia.

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