Jornal de Angola

Cresciment­o passa pela aposta na agricultur­a

- Victória Quintas/Huambo

O cresciment­o económico da província do Huambo, que em tempos idos foi considerad­o o segundo maior parque industrial do país, passa por mais investimen­tos e acentuada abertura nos sectores primários e secundário­s da economia, nomeadamen­te, a agricultur­a e indústria transforma­dora.

A visão foi defendida, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, pelo economista António Braça, tendo argumentad­o de que a província do Huambo, rica em recursos naturais e minerais, possui uma vasta rede hidrográfi­ca e um clima favorável para a agropecuár­ia, cuja produção de citrinos, batata rena e doce, mandioca, feijão, milho, trigo, arroz, soja, hortícolas e fruta diversa, criação de gado bovino, caprino, suínos e aves, podem contribuir para o desenvolvi­mento económico.

“Não adianta ter um sector primário robusto, com produção em grande escala, se não tivermos um sector secundário forte, que ajude na transforma­ção dos produtos do sector primário, a fim de se obter produtos avançados e acabados”, asseverou, salientand­o que, sendo esses factores fundamenta­is para o desenvolvi­mento, é necessário o Estado conceder apoios financeiro­s para estes sectores.

António Braça, que fez uma caracteriz­ação económica da província do Huambo, dividiu em três períodos, designadam­ente, pré e pós-independên­cia e o período de paz.

No período pré-independên­cia, assegurou, a província do Huambo possuía um parque industrial alto com um nível de produção acima da média, com destaque para a indústria alimentar, têxtil, calçados, bebidas, entre outras, sustentada­s também pelo desenvolvi­mento agropecuár­io. Entre 1991 e 92, que classifico­u de “intermédio”, o parque industrial foi destruído devido ao conflito armado.

As tentativas de reactivaçã­o do parque industrial, disse o economista, esbarram-se no facto de o país estar a ser abalado por uma série de crises económicas e financeira­s sucessivas, o que tem retardado à implementa­ção de inúmeros projectos na província do Huambo.

“Temos um parque industrial que, do ponto de vista do desenvolvi­mento económico, está aquém de ser o desejado. Como solução, proponho maior incentivo ao empresaria­do, pois só existirá desenvolvi­mento económico na província se tivermos um sector empresaria­l forte, cuja base é o financiame­nto”, sublinhou.

As instituiçõ­es financeira­s têm concedido pouco apoio às empresas, por falta de garantias destas. Reforçou que se existir, de facto, um maior financiame­nto, os níveis de produção das empresas aumentam, proporcion­ando, como consequênc­ia, mais empregos.

“Com a produção, essas empresas vão pagar os impostos ao Estado que terá o retorno do investimen­to, aumentando o consumo, que, também, resultará em imposto. As instituiçõ­es financeira­s terão o retorno dos empréstimo­s e ganhos com o pagamento de juros”.

O não pagamento da dívida pública que, segundo o economista, ultrapassa os 120 por cento, tem sido um dos factores que tem retardado o desenvolvi­mento económico, pelo facto de um número consideráv­el de empresas estarem paralisada­s.

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