EUA impõem sanções contra o Irão e ministro cubano
Medidas irão complicar o futuro das relações externas da Administração Biden, que inicia funções no dia 20 deste mês
A Administração de Donald Trump anunciou, na sextafeira, cinco dias antes do final de mandato, uma nova vaga de sanções contra o Irão e contra o ministro do Interior cubano, reforçando a pressão que complica o futuro das relações externas do futuro Presidente dos EUA, Joe Biden.
Relativamente ao Irão, o chefe da diplomacia norteamericana, Mike Pompeo, visou como alvo principal o sector de transporte marítimo, já no centro de severas medidas desde Junho, desta vez contra a Islamic Republic of Iran Shipping Lines (IRISL), acusada de transportar produtos ligados ao programa de mísseis balísticos de Teerão.
“Advertimos a indústria que aqueles que fazem negócios com a IRISL, as suas subsidiárias ou outras entidades de transporte marítimo iriam enfrentar sanções. Hoje, sancionamos sete entidades e dois indivíduos por isso”, apontou, em comunicado de imprensa.
O Departamento de Estado incluiu na lista negra empresas sediadas no Irão, China e Emirados Árabes Unidos para o transporte de materiais através da IRISL.
Pompeo revelou, também, uma série de medidas punitivas contra entidades iranianas, acusadas de contribuir para a “proliferação” de armas convencionais no Médio Oriente: Organização das Indústrias Marítimas, Organização das Indústrias Aeroespaciais e a Organização das Indústrias de Aviação do Irão.
Esta é uma medida simbólica, porque essas entidades já foram sancionadas pelos Estados Unidos pela sua suposta participação no Programa de Armas de Destruição
Maciça de Teerão.
Com estas sanções, Pompeo, líder da campanha de “pressão máxima” contra o Irão, levanta obstáculos no caminho do futuro Presidente, Joe Biden. O Democrata disse que queria voltar ao Acordo Internacional de 2015, sobre a energia nuclear iraniana, do qual Donald Trump retirou os EUA.
Para isso, terá de suspender as sanções norte-americanas impostas pela Administração Trump, com a condição de que as autoridades iranianas também voltem ao cerne do acordo, depois de ignorarem progressivamente as suas restrições em resposta às medidas de Washington.
Ministro do Interior cubano
No mesmo dia, a Administração americana impôs sanções ao ministro do Interior cubano, Lazaro Alberto Alvarez Casas, acusando-o de “graves violações aos direitos humanos”.
“O regime cubano viola há muito tempo os direitos humanos. Os Estados Unidos vão continuar a utilizar todos os meios à sua disposição face à terrível situação dos direitos humanos em Cuba e por todo o mundo”, declarou o secretário de Estado do Tesouro, Steve Mnuchin, num comunicado. Para Mnuchin, o Ministério do Interior cubano, igualmente visado com sanções financeiras, é responsável pela vigilância das actividades políticas, apoiado em unidades da polícia, que têm detido pessoas que estão na mira do departamento governamental.
Lazaro Alberto Alvarez Casas foi vice-ministro do Interior, tendo sido promovido a ministro, em Novembro de 2020.
Mnuchin evoca nomeadamente a detenção, em Setembro de 2019, do dissidente cubano José Daniel Ferrer, numa prisão gerida pelo Ministério do Interior, “onde foi espancado, torturado e colocado em isolamento”.
Segundo o Departamento do Tesouro norte-americano, nem o ministro, nem o Ministério poderão ter acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos e os seus eventuais bens no país serão congelados.
A Administração Trump, que trabalhou, durante quatro anos, para reverter a histórica reaproximação entre os Estados Unidos e a ilha comunista, iniciada pelo exPresidente dos Estados Unidos, Barack Obama, colocou novamente Cuba na “lista negra” dos “Estados que apoiam o terrorismo”.
Biden, o candidato Democrata, vencedor das presidenciais norte-americanas de 3 de Novembro de 2020, ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de retomar o diálogo com as autoridades de Havana.
As medidas, porém, correm o risco de complicar a tarefa de Biden, se o futuro Presidente dos Estados Unidos optar por regressar a uma política de aproximação a Havana.
Joe Biden, vencedor das presidenciais norteamericanas de 3 de Novembro de 2020, ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de retomar o diálogo com as autoridades de Havana