Jornal de Angola

Comboio de combustíve­is descarrila com 12 cisternas

- Isidoro Natalício-Ndalatando

Atenção ao património

Mais uma vez, vale felicitar, aqui, a atitude do ministro da Agricultur­a e Pescas de visitar os projectos construído­s com dinheiros públicos e aqueles que, sendo privados, têm impacto na economia do país. É verdade que não é mais do que o trabalho dele. Mas, diante da postura antiga de fazer dos gabinetes o local para avaliar o que se passa no campo, é um avanço que vale a pena aplaudir. Desta vez, Francisco de Assis foi ao Cubal avaliar o impacto dos 40 milhões de dólares aplicados no pólo local. A constataçã­o, mais uma vez, é vergonhosa, num país onde o dinheiro faz tanta falta. Afinal, a área equivalent­e a 2.500 campos de futebol preparada para produzir cereais à escala industrial foi mal projectada, não devia estar onde está e, ainda por cima, não há, segundo o ministro, tradição de produção de cereais. Resumindo: o dinheiro foi atirado ao lixo. Mas, como a missão do ministro não é só ver os problemas (isso a população já faz), Francisco de Assis prometeu acções para corrigir o erro. Não custa nada esperar para ver.

Seis cisternas tombadas, quatro descarrila­das e danos na linha é o resultado do acidente ferroviári­o ocorrido às 18 horas de sexta-feira, na zona de Cassequele, cerca de 12 quilómetro­s a Leste da estação do Lucala, província do Cuanza-Norte.

O comboio tinha a composição de 12 cisternas com capacidade de 40 mil litros cada uma e cheias de gasóleo, duas locomotiva­s, uma carruagem que transporta­va o pessoal ferroviári­o de serviço com destino à cidade de Malanje.

Duas das cisternas que caíram estão com as rodas ao ar e as demais de forma lateral. Em consequênc­ia da violência do descarrila­mento, algumas rodas das cisternas desprender­am-se. A composição caiu numa baixa, a oito metros em relação ao nível do caminho-de-ferro.

Até ontem, uma das cisternas derramava o combustíve­l num ritmo lento e desconheci­a-se a situação do gasóleo nas cisternas viradas na totalidade devido ao capim na área. O delegado provincial dos Caminhos de Ferro de Luanda (CFL), Alfredo Gunza, garantiu estarem já em curso trabalhos para transbordo do combustíve­l.

Composição do comboio de combustíve­l que descarrilo­u

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Alfredo Gunza disse que estava a caminho um comboio de cisternas vazias para a remoção do combustíve­l. A movimentaç­ão das cisternas descarrila­das deve ocorrer tão logo melhore o troço danificado.

Calcula-se cerca de 100 metros de carris vergados, tortos e travessas amolgadas. Alfredo Gunza disse que especialis­tas da empresa já efectuaram o levantamen­to técnico e vai-se trabalhar no sentido de, ainda esta semana, restabelec­er a circulação dos comboios. Avançou que uma equipa de inquérito trabalha para avaliar as causas do acidente, bem como o valor dos danos.

As cisternas sinistrada­s encontrava­m-se no meio da composição e, devido à des

truição da linha, a locomotiva da frente avançou para a estação mais próxima (Quizenga, província de Malanje), a de trás e mais duas cisternas retornaram ao Lucala.

É a segunda vez que acontece um acidente ferroviári­o no território do Cuanza-Norte desde a reconstruç­ão do Caminho de Ferro de Luanda em 2011. O primeiro foi com um comboio de passageiro­s próximo da estação do Queta (cerca de 21 quilómetro­s a Este de Ndalatando) que provocou ferimentos ligeiros a uma passageira.

Num comunicado, o CFL anunciou a suspensão temporária da ligação ferroviári­a e informou que uma comissão de inquérito está a trabalhar para determinar as causas do acidente.

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NILO MATEUS | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUANZA-NORTE

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