Jornal de Angola

Jovem dado como morto reaparece em Malanje

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Um jovem, de 18 anos, que foi dado como morto e enterrado, mexeu, no último fimde-semana, com a província de Malanje, depois do seu reaparecim­ento em casa da mãe um mês após o funeral.

De acordo com a Rádio Nacional de Angola (RNA), trata-se de Manuel Machado, que foi confundido com o cadáver de um outro jovem, supostamen­te morto por espancamen­to no dia 11 de Dezembro. Nandinho, como é carinhosam­ente tratado, despediu-se da mãe, com quem vive, no dia 15 de Novembro, para ir ao município de Cangandala, 28 quilómetro­s a sul de Malanje, à procura de emprego numa fazenda local.

“Eu tinha ido a Cangandala e a senhora que me atendeu disse que por eu não me ter despedido convenient­emente da família tinha de regressar para o fazer e só depois disso voltar à fazenda. Fiz isso no dia 14 de Novembro. Conversei com a mãe num sábado. Deume autorizaçã­o e despedime dela no dia 15, domingo”, explicou o jovem à RNA.

Nandinho conta que passados dois meses a trabalhar na fazenda em Cangandala voltou a conversar com a patroa, manifestan­do o desejo de visitar a família na cidade de Malanje, pedido foi aceite.

“Viemos juntos e ela deixou-me ficar na praça municipal, de onde segui até a casa. Quando lá cheguei não encontrei a mãe. Só a minha tia e os meus primos. Assim que me viram admiraram-se, questionan­do-me como é que eu estava ali”, contou. O jovem, perplexo, questionou os parentes sobre o motivo da admiração, porque “vocês sabem onde eu fui”. Os parentes continuava­m incrédulos, voltando a retorquir “como é que estás aqui se te enterrámos e fomos ao teu óbito, porque te mataram?”.

A mãe explica-se

Rosa Junqueira, mãe de Nandinho, explicou ter tomado conhecimen­to da morte do filho por um jovem, que jurou de pés juntos que o corpo encontrado na morgue era de facto o do seu filho.

“No dia 12 de Dezembro escutámos na pracinha que mataram lá um moço muito bonito. Diziam que era filho de uma conhecida. O meu coração ficou sobressalt­ado, pensei logo nele. Disse, dentro de mim, que esse miúdo que gosta de fazer biscate, não será ele mesmo? Então fui até à vala ter com os seus amigos e perguntei por ele. Disseram quenuncama­isotinhamv­isto”, explicou Rosa Junqueira.

Não satisfeita com a resposta, Rosa Junqueira acedeu ao quarto e encontrou a roupa dele queimada. Depois disso foi à morgue, onde um moço disse que o corpo que estava lá tem um outro nome e não era Fernando.

Conta que foi orientada a ir para casa ou ao Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC). Às 8 horas do dia seguinte, na companhia de uma filha e uma amiga, dirigiram-se à morgue do Hospital Regional, onde encontrara­m um cadáver com as caracterís­ticas físicas que se assemelhav­am ao de Nandinho. Madalena António, irmã de Nandinho, explicou que “o rosto do morto estava inflamado e tinha mesmo a aparência dele”. Por se tratar de uma morte criminosa, a família fez uma participaç­ão ao Serviço de Investigaç­ão Criminal que, para esclarecer o caso, deteve dois amigos do suposto falecido.

“De facto é um caso que requer muita atenção, no sentido de se poder rever o processo-crime em função dessa nova situação. O assunto está sob a alçada da Procurador­ia Geral da República (PGR), que legalizou a prisão dos dois jovens, que a priori são inocentes, mas continuam detidos em prisão preventiva”, afirmou o porta-voz do SIC em Malanje, superinten­dente Lindo Ngola.

Para o jurista Simão Rangel, o SIC prendeu para investigar, quando devia ser o contrário. No seu entender, o facto do suposto falecido ter reaparecid­o é porque não houve fortes indícios dos detidos terem cometido o alegado crime.

“Como o corpo já estava deteriorad­o, era necessário a intervençã­o de um médico legista, para se saber as causas da morte e pedir um exame com familiares para provar que o ADN coincide com o da pessoa morta”, acrescento­u.

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DR Falhas na investigaç­ão “enterram” jovem que afinal está vivo

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