Exército dispara balas reais contra protestos
O Exército birmanês disparou, ontem, contra vários manifestantes com munições reais em Bagan, a cidade histórica na área Central de Myanmar, causando feridos, segundo os organizadores do protesto, citados pela Lusa.
Milhares de birmaneses voltaram ontem às ruas para protestar contra a Junta Militar em várias cidades, como Mandalay e Rangum, onde as forças de segurança dispararam, também, gás lacrimogéneo.
Vestidos com capacetes de plástico e escudos de metal, os manifestantes tentavam impedir o avanço da Polícia e dos militares com barricadas nas ruas, apesar da dura repressão.
Fontes da Liga Nacional para a Democracia, partido do líder de facto Aung San Suu Kyi, relataram, na rede social Facebook, que um dos seus representantes em Rangum, a maior cidade do país, morreu após ser preso no dia anterior.
As fontes não especificaram o motivo da morte.
Pelo menos, 60 manifestantes, incluindo cinco menores, morreram e centenas ficaram feridos devido a tiros de polícias e soldados durante os protestos, contra o golpe de 1 de Fevereiro, que se repetem diariamente em todo o país. Além disso, mais de 1.500 pessoas, incluindo políticos, activistas, jornalistas e monges, foram detidas desde o golpe militar e mais de 1.200 continuam presas, incluindo Suu Kyi, de 75 anos, actualmente incomunicável na prisão domiciliar.
A Junta Militar continua com uma campanha de desinformação nos media oficiais, na qual insiste que houve fraude eleitoral nas eleições de Novembro passado, embora estas tenham sido validadas por observadores internacionais, e no desempenho correcto das forças de segurança.
Os militares cortaram o acesso à Internet todas as noites durante semanas, como parte das medidas repressivas contra a população, que lançaram um movimento de desobediência civil contra o golpe.
Dias depois do levantamento militar, durante o qual parte do Governo eleito de Suu Kyi foi preso, a Junta Militar cortou o acesso a redes sociais como Facebook e Twitter para impedir que os cidadãos organizassem e compartilhassem vídeos.
Os manifestantes exigem que o Exército liberte os presos, permita o retorno à democracia e reconheça o resultado das eleições de Novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia foi a vencedora.