Jornal de Angola

“Estrada da Secura” homenageia as mulheres

- Mário Cohen

O livro “A Estrada da Secura”, do escritor e ensaísta Luís Kandjimbo, é uma homenagem à mulher, pelo conjunto de poemas eróticos, considerou, quarta-feira, na União dos escritores Angolanos (UEA), em Luanda, o autor na apresentaç­ão da reedição, da obra, 25 anos depois.

Segundo o autor, a obra é uma ferramenta fundamenta­l para o desenvolvi­mento da literatura angolana, que a sua geração considera perfeito para uma maneira diferente de olhar para a relação com a mulher, acrescenta­ndo ainda que a mulher foi sempre celebrada na poesia angolana.

A reedição do livro, explica Luís Kandjimbo, surge a convite da editora. O livro foi apresentad­o pelo poeta Lopito Feijoó, que falou da dimensão cultural da obra e do autor.

Para Luís Kandjimbo, autor de “Os Noctívagos e outras Estórias de um Benguelens­e”, a obra é um livro que assinala um momento da história pessoal e da sua geração, como permite ler algumas linhas com que se cose a geração a que pertence e, é também um livro de fronteira que constitui também uma reflexão da poesia que “fui fazendo no país” num exercício feito nos anos 1980.

Para Lopito Feijoó, Luís Kandjimbo é um dos escritores mais referencia­dos da história da literatura de Angola depois da independên­cia.

Lopito Feijoó assegurou que o livro foi escrito num tempo em que muitos dos seus leitores presentes na apresentaç­ão da obra na UEA, ainda não eram nascidos ou não tinham ainda a primária educação."

“A Estrada da Secura" é um livro completame­nte escrito em Benguela e reflecte o estado de espírito do autor, durante o período mais longo em que permaneci na terra natal. Após uma década de ausência, em que conheci várias províncias de Angola e alguns países. Por isso, está profundame­nte marcado pela desolação a que me sujeitei, sofrendo privação de liberdade, observando trágicos acontecime­ntos e os mais perversos comportame­ntos das mulheres e dos homens, sob o peso predador que devorava a paisagem e a geografia do lugar onde nasci e cresci”, conta o autor.

Em 1987, Luís Kandjimbo publica o primeiro livro de ensaios “Apuros de Vigília” e a segunda obra “Apologia de Kilitangi” em 1998. Depois coloca no mercado dois livros de poemas, o primeiro dos quais “A Estrada da Secura”, menção honrosa do Concurso Sonangol de Literatura, assim como publicou o livro de contos “Os Noctívagos e outras Estórias de um Benguelens­e”.

Luís Kandjimbo é o pseudónimo literário de Luís Domingos Francisco. Nasceu em Benguela, em 1960, onde fez os estudos primários e liceais. Nos finais da década de 70, exerce jornalismo na Rádio Nacional de Angola. No princípio da década de 80, dada a sua paixão pelas artes e letras, parte para o Lubango onde frequenta o primeiro ano na então Faculdade de Letras, que viria a ser extinta logo depois. Regressa para Luanda onde estuda direito, a par de intensa actividade de publicista no Jornal de Angola.

Publicou no único diário do país diversos ensaios, com destaque para “A Literatura Negro-africana e o Seu Espaço Útil” e “A Dimensão Histórico - literária de Agostinho Neto”.

Entre 1999 e 2000, foi editor da “Gazeta Lavra e Oficina” da UEA, e de 2001 a 2002, realizou e apresentou o programa literário da Televisão Pública de Angola (TPA) “Leituras”.

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DR Escritor e ensaísta Luís Kandjimbo ladeado pelo secretário-geral da UEA, David Kapalengue­la (à esquerda) e Lopito Feijoó

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