Sal nacional na indústria petrolífera BASE DO KWANDA
No plano nacional, a província de Benguela é o maior produtor de sal marinho, com uma produção estimada em 123,2 mil toneladas, representando 88 por cento da produção nacional, influenciado pela costa favorável, quer a nível de questões climatéricas, quer em extensões de terra.
Numa entrevista concedida ao Jornal de Angola, o presidente da Associação dos Produtores de Sal de Angola (APROSAL), Tottas Garrido, disse que a região do Cabo Negro, no Tômbwa, no Namibe, é outra localidade onde pode prosperar o negócio do sal em grande escala.
De acordo com Tottas Garrido, em 2020 a Aprosal produziu 140 mil toneladas de sal marinho, quando a meta estabelecida, no quadro do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, estava fixada em 160 mil toneladas.
“A produção interna de sal no país já atingiu a autosuficiência para o consumo humano, pois já foram atingidas 80 por cento da produtividade. E temos confiança que alcançaremos a meta, pois existe a possibilidade de alguns associados abrirem novos campos para extracção de sal marinho ainda no presente ano”, realçou.
Frisou que, neste momento, a Aprosal está virada à produção de sal para estimular a indústria alimentar, às empresas produtoras de bens de limpeza e para os criadores de gado, faltando apenas determinar as quantidades necessárias para serem consumidas.
Informou ainda que depois de um longo período de negociação, a indústria petrolífera passará doravante a comprar sal no mercado nacional e “está a lançar um novo ciclo para dinamizar o sector salineiro”.
Para o responsável, é um dos grandes desafios vencidos pela Associação de Produtores do Sal em Angola, caracterizado por um aumento na produção e uma diminuição parcial do desemprego. Disse ainda que o entendimento entre a indústria petrolífera e a Aprosal vai diminuir a importação de grandes quantidades de sal e, consequentemente, melhorar a situação económica de muitas empresas do sector salineiro ou toda uma cadeia empresarial envolvida no negócio. “Tivemos uma solicitação de 1.500 toneladas de sal com uma especificação muito própria para a indústria petrolífera e nós dentro da associação soubemos cumprir sem grandes constrangimentos às exigências dos clientes.
Base do Kwanda
A Aprosal vendeu para a Base do Kwanda, no Soyo, 140 mil toneladas de sal marinho no valor de 250 milhões de kwanzas na primeira fase de fornecimento e, de acordo com o responsável, na cadeia de serviços ganharam os empresários ligados à embalagem, transporte entre outros que de forma indirecta estiveram ligados ao processo.
Para executar a missão, a Aprosal criou o género de um consórcio que permitiu fazer a entrega, num período de 12 dias, com mais de 50 camiões na transportação do sal do
Namibe, Benguela e CuanzaSul para a base do Kwanda, no Soyo, e “toda a operação decorreu com sucesso”.
Para o responsável, só com políticas que viabilizem a valorização de recursos naturais endógenos e dinamizar as cadeias de fornecimento nacionais permitirá potenciar as vantagens competitivas de Angola, levando a produção nacional a conquistar progressivamente quotas crescentes no mercado interno, promovendo a substituição de importações.
Exploração indevida
Contactado pela equipa, para esclarecer sobre a exploração inadequada das salinas do Lobito, o professor universitário Mário Joaquim disse que, por razões de sobrevivência, várias pessoas fazem das antigas salinas do Lobito uma fonte de rendimento, mas ignoram os riscos para a saúde humana resultantes do consumo de sal sem iodo.
Mário Joaquim disse que centenas de pessoas fazem da extracção do sal uma das fontes de receita para sustento dos seus familiares, mas em contrapartida prejudicam outras milhares que consomem o sal sem o mínimo de requisitos de saúde pública.
Dados apontam que actualmente o negocio se multiplicou e vários campos ja entraram em produca̧ õ . Toneladas de sal sao retiradas para a comercializaca̧ õ . O sal sem iodo é extraido de antigas salinas do Lobito e tem muita procura. A desactivação das salinas do Lobito remonta ao período colonial e é resultante do crescimento da cidade. Os campos de extracca̧ õ de sal estavam circundados por bairros, um factor que inviabilizou a continuação da existência de salinas no espaço urbano. No período das chuvas, grande parte dos detritos e arrastada pela corrente das aguas e concentra-se nos campos de extracca̧ õ de sal.