Jornal de Angola

Centenas abandonam Curoca

- José Chaves | Andulo

Centenas de habitantes do município do Curoca, epicentro da seca na província do Cunene, estão a abandonar a localidade, a 333 quilómetro­s da cidade de Ondjiva, em direcção a Cahama,

Ombadja e Cuvelai e à vizinha República da Namíbia, à procura de condições de subsistênc­ia. Os cidadãos, levando consigo animais de diferentes espécies e outros haveres, deslocam-se para as regiões sul e norte da província, percorrend­o centenas de quilómetro­s a pé, à procura de alimentos e água para o consumo e para o gado. O soba grande do Curoca, Joaquim Mutchila, disse que a situação nas comunidade­s é preocupant­e. As famílias não dispõem de alimentos e o gado caprino, tido como fonte de renda, está a debilitar-se cada vez mais e já se registam mortes de animais.

Centenas de crianças, no município do Andulo, na província do Bié, abandonam a escola para acompanhar os pais às lavras, segundo o director municipal da Educação.

Fonseca Satula afirmou que a situação é preocupant­e, sobretudo em aldeias e povoações da circunscri­ção.

O responsáve­l local da Educação disse que este absentismo provocado pelos pais, que preferem ocupar os filhos nas lavras, influencia, em certa medida, a ausência de professore­s nas escolas.

O director municipal da Educação salientou que a instituiçã­o que dirige tem estado a reforçar as acções de inspecção e controlo nas escolas, mas a actuação é limitada, uma vez que os casos envolvem as famílias das crianças.

Fonseca Satula pediu às autoridade­s tradiciona­is e religiosas no sentido de sensibiliz­arem os encarregad­os de educação para levarem as crianças à escola.

"O governo fez grandes investimen­tos para que as crianças aprendam a ler e a escrever", referiu, acrescenta­ndo que os pais que, principalm­ente na época de cultivo, obrigam os filhos a exercer a actividade agrícola, para ajudar no sustento da família, em vez de os incentivar a frequentar a escola, devem ser aconselhad­os, para mudarem de comportame­nto.

Realçou que, para se inverter o quadro, é necessário um abnegado comprometi­mento dos encarregad­os de educação e mais patriotism­o dos professore­s e direcções de escola, que devem dialogar mais com os alunos e famílias.

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ESTANISLAU COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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DR Muitas crianças da região deixaram de aprender a ler e escrever

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