Centenas abandonam Curoca
Centenas de habitantes do município do Curoca, epicentro da seca na província do Cunene, estão a abandonar a localidade, a 333 quilómetros da cidade de Ondjiva, em direcção a Cahama,
Ombadja e Cuvelai e à vizinha República da Namíbia, à procura de condições de subsistência. Os cidadãos, levando consigo animais de diferentes espécies e outros haveres, deslocam-se para as regiões sul e norte da província, percorrendo centenas de quilómetros a pé, à procura de alimentos e água para o consumo e para o gado. O soba grande do Curoca, Joaquim Mutchila, disse que a situação nas comunidades é preocupante. As famílias não dispõem de alimentos e o gado caprino, tido como fonte de renda, está a debilitar-se cada vez mais e já se registam mortes de animais.
Centenas de crianças, no município do Andulo, na província do Bié, abandonam a escola para acompanhar os pais às lavras, segundo o director municipal da Educação.
Fonseca Satula afirmou que a situação é preocupante, sobretudo em aldeias e povoações da circunscrição.
O responsável local da Educação disse que este absentismo provocado pelos pais, que preferem ocupar os filhos nas lavras, influencia, em certa medida, a ausência de professores nas escolas.
O director municipal da Educação salientou que a instituição que dirige tem estado a reforçar as acções de inspecção e controlo nas escolas, mas a actuação é limitada, uma vez que os casos envolvem as famílias das crianças.
Fonseca Satula pediu às autoridades tradicionais e religiosas no sentido de sensibilizarem os encarregados de educação para levarem as crianças à escola.
"O governo fez grandes investimentos para que as crianças aprendam a ler e a escrever", referiu, acrescentando que os pais que, principalmente na época de cultivo, obrigam os filhos a exercer a actividade agrícola, para ajudar no sustento da família, em vez de os incentivar a frequentar a escola, devem ser aconselhados, para mudarem de comportamento.
Realçou que, para se inverter o quadro, é necessário um abnegado comprometimento dos encarregados de educação e mais patriotismo dos professores e direcções de escola, que devem dialogar mais com os alunos e famílias.