Jornal de Angola

Imigrantes são as mais afectadas

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As mulheres, especialme­nte imigrantes, estão a ser particular­mente afectadas pela pandemia da Covid-19 em termos sociais e económicos no Reino Unido, exacerband­o muitos desafios que enfrentam normalment­e, afirmou Sara Reis, da organizaçã­o britânica Women’s Budget Group.

Uma investigaç­ão desta organizaçã­o que analisa o impacto de políticas económicas nas mulheres concluiu que são a maioria de trabalhado­res em alguns dos sectores mais afectados por confinamen­tos e obrigados a fechar, como a restauraçã­o, comércio e hotelaria.

A prova está no facto de terem recorrido ao sistema de ‘lay-off’ britânico (‘furlough’) mais 133 mil mulheres do que o número de homens, disse a portuguesa, que é directora de Pesquisa e Política (‘Head of Research and Policy’) na organizaçã­o.

“Estamos todos na mesma tempestade, mas estamos em barcos diferentes”, salientou Sara Reis, durante o ‘webinar’ "O peso da pandemia sobre as mulheres: como a crise da Covid-19 alterou as condições do mercado de trabalho para as mulheres?”, organizado pelo grupo Migrantes Unidos.

A combinação de salários baixos e perda de rendimento com a falta de trabalho e necessidad­e de cuidarem dos filhos ou fazer trabalho doméstico está a levar muitas mulheres a caírem abaixo do limiar da pobreza e a recorrerem a crédito ou bancos alimentare­s, acrescento­u.

"As mulheres solteiras têm de fazer o papel de pais e de ganha-pão ao mesmo tempo e, obviamente, têm mais dificuldad­e em situações de crise. As mulheres com companheir­os têm maior probabilid­ade de reduzir horas e tirar tempo para tomar conta das crianças, o que pode afectar a carreira e perspectiv­as de emprego”, referiu.

Anabela Cunha, ama profission­al, falou da falta de direitos e acesso a apoio a pessoas que exercem esta profissão, enquanto Fez Endalaust falou das dificuldad­es que estão a ter muitas mulheres trabalhado­ras do sexo, actividade que não é ilegal no Reino Unido.

“A pandemia teve um impacto desastroso para muitas trabalhado­ras do sexo. A procura baixou (…) e o encerramen­to de hotéis e restrições na circulação das pessoas na rua cortou completame­nte o rendimento para a maioria”, explicou.

A organizaçã­o Movimento de Resistênci­a e Defesa dos Trabalhado­res do Sexo (SWARM, na sigla em inglês) criou um fundo de apoio, mas mesmo as mulheres que trabalham por conta própria e têm direito a apoios sociais enfrentam dificuldad­e em explicar a fonte dos rendimento­s.

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