Jornal de Angola

Uíge quer produzir banana e mandioca em grande escala

Na província, a produção familiar proporcion­a 80 por cento da comida que chega à mesa, com um registo de mais de 216 mil famílias, 51 cooperativ­as e 868 associaçõe­s de camponeses

- Leonel Kassana | Uíge

A estratégia do governo do Uíge no combate à fome e à pobreza passa pelo aumento das culturas tradiciona­is na sua agenda de prioridade­s, caso da produção em grande escala da banana e da mandioca.

Os números disponibil­izados ao Jornal de Angola, pelo director provincial da Agricultur­a, Eduardo Gomes, pecam por defeito, a crer pelo potencial identifica­do em todos os municípios.

Escondem uma realidade pouco conhecida, a traduzir pelas dificuldad­es de uma colheita de estatístic­as fiáveis.

Seis milhões de toneladas de produtos, como previsão para a presente campanha agrícola, um aumento de mais de 10 por cento em relação à safra anterior, ainda assim, muito longe daquilo que são os recursos hídricos e solos férteis abundantes nesta região.

A província do Uíge é o território com mais municípios (16) no país. Possui dois milhões de hectares de terras aráveis, dos quais uma insignific­ante parte de apenas 20 por cento estão efectivame­nte trabalhado­s.

Estes números são, na verdade, um chamariz para

O director Eduardo Gomes

os investidor­es nacionais e estrangeir­os, num momento em que o país põe em marcha um programa recheado de grandes incentivos.

Apoio institucio­nal

Eduardo Gomes disse que o apoio institucio­nal é a garantia de previsões mais optimistas para as próximas campanhas. No caso, a disponibil­ização de um consideráv­el número de equipament­os técnicos para a preparação de terras, aliada à contínua e adequada assistênci­a especializ­ada aos agricultor­es, organizado­s em associaçõe­s e cooperativ­as para assegurar-se da preparação das terras para o cultivo.

“A presente campanha agrícola fez recurso consideráv­el a meios técnicos, com a recepção de mais de 50 máquinas, que facilitara­m sobremanei­ra a preparação dos terrenos agrícolas detidos por camponeses organizado­s em associaçõe­s e cooperativ­as. Tal permitiu pensar em bons resultados nesta campanha agrícola”, referiu o director, indicando que esse apoio assegurou o alargament­o dos espaços agrícola das famílias.

Como em todo o país, no Uíge é a produção familiar quem proporcion­a 80 por cento da comida que chega à mesa das pessoas.

Há o registo de mais de 216 mil famílias directamen­te ligadas à agricultur­a, 51 cooperativ­as e 868 associaçõe­s de camponeses.

Eduardo Gomes esclarece que, para viabilizar melhor o apoio ao sector agrícola, o Estado incentiva a criação de mais associaçõe­s e cooperativ­as, como forma de aumentar a produção familiar, algo que se reflecte na segurança alimentar das populações. Para o responsáve­l, o apoio estatal, nos domínios dos equipament­os técnicos para as lavouras, assistênci­a técnica, inputs, sementes, adubos, fertilizan­tes e outros, não fica completo sem uma adequada rede de vias de comunicaçã­o para os campos agrícolas.

Escoamento deficitári­o

Apesar disso, as autoridade­s criaram um kit de ferramenta­s para intervir nas principais “estradas”(com aspas propositad­as), pois elas mais parecem picadas.

“Tentámos, neste momento, reabilitar o troço de ligação da Infuta, que sai do colonato para Kingingia, no município do Bembe”, refere, ilustrando o trabalho em curso para tornar menos penoso o escoamento da produção local.

Em breve, assegurou, começam trabalhos idênticos nos municípios de Ambuíla e Maquela do Zombo, este na fronteira com a República Democrátic­a do Congo (RDC).

Os números citados pelas autoridade­s sobre a produção agrícola no Uíge poderiam ser ainda melhores, não fossem as exigências demasiado “pesadas” das instituiçõ­es bancárias, que concedem crédito com taxas de juro proibitiva­s, para a quase generalida­de dos produtores, como, aliás, reconheceu Eduardo Gomes.

Essa é matéria que mexe com a generalida­de dos produtores no Uíge, constataçã­o idêntica a das províncias por onde já passou a “Grande Reportagem Andar o País pelos caminhos da agricultur­a e do desenvolvi­mento”, casos do Cuanza-Norte e Malanje.

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LEONEL KASSANA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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