Jornal de Angola

As mulheres e a crise sanitária e económica

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É dado adquirido que as mulheres têm sido considerav­elmente afectadas pela crise económica causada pela pandemia da Covid19, estando muitas delas a perder empregos ou a trabalhar ao abrigo de contratos precários, não tendo estabilida­de laboral que qualquer trabalhado­r deseja, para salvaguard­ar direitos.

Há mesmo informaçõe­s da insuspeita Organizaçã­o das Nações Unidas que indicam que direitos já adquiridos pelas mulheres no mercado de trabalho se estão a perder.

António Guterres, Secretário Geral da ONU, chegou mesmo a publicar um artigo num jornal português em que aborda o assunto da discrimina­ção da mulher no mercado de trabalho nestes tempos de pandemia da Covid-19.

É significat­ivo o facto de uma personalid­ade prestigiad­a como é António Guterres se tenha pronunciad­o sobre a situação da mulher no mundo nestes tempos de crise sanitária e económica, mas é importante que os Estados adoptem políticas públicas que possam mitigar os efeitos dessa crise na vida laboral das mulheres.

Sabe-se que muitos milhares de mulheres no mundo são chefes de família e hoje atravessam dificuldad­es enormes para sustentar o seu agregado familiar porque as entidades empregador­as impõem regras, discrimina­tórias, que resultam, na pior das hipóteses em despedimen­tos.

Ser mulher trabalhado­ra em muitos países significa, nestes tempos de crise económica, ser candidata a desemprega­da, tal é a rapidez com que as entidades empregador­as dispensam os trabalhado­res de sexo feminino das empresas, por razões que muitas vezes não têm nada a ver com as suas competênci­as. Há mesmo casos, e não são poucos, de mulheres com as mesmas qualificaç­ões que homens, mas são dispensada­s pelo facto de serem mulheres.

Não é fácil lutar nas actuais circunstân­cias contra a discrimina­ção em relação à mulher no mercado de trabalho, mas não é também sensato que nada se faça para que haja justiça, no sentido de salvaguard­ar os direitos dos trabalhado­res do sexo feminino.

É dever dos governos intervir com regras jurídicas no mercado de trabalho para evitar que um número consideráv­el de mulheres estejam no desemprego ou em situação que as coloquem em posição que não lhes permita resolverem os seus problemas sociais.

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