Jornal de Angola

Trocas com o exterior registam saldo positivo

Políticas monetárias seguidas pelo BNA determinar­am a contenção do nível de liquidez em moeda nacional e concorrera­m para limitar as importaçõe­s em 2020, capitaliza­ndo 1,7 mil milhões de dólares à conta corrente

- Pedro Peterson

A Balança de Pagamentos do país fechou o exercício económico de 2020 com um saldo positivo de 1,7 mil milhões de dólares na sua conta corrente, representa­ndo 2,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

Os dados foram avançados pelo director do Departamen­to de Estatístic­a do Banco Nacional de Angola (BNA), Joel Fute.

Segundo o técnico, não obstante a queda acentuada de produção e do preço médio do barril de petróleo e consequent­emente a redução do valor das exportaçõe­s de bens em 40 por cento, comparado com 2019, manteve-se um saldo positivo da conta corrente de 1,7 mil milhões de dólares que representa 2,9 por cento do PIB.

Acrescento­u que a redução que se tem vindo a registar nas importaçõe­s nos últimos anos, resulta de vários factores, sobretudo, o esforço do Executivo para substituir as importaçõe­s com a produção local e as medidas implementa­das pelo BNA.

Essas medidas, segundo o gestor, têm assegurado a legitimida­de dos pagamentos em moeda estrangeir­a referente à importação de mercadoria­s e os pagamentos de serviços ao exterior, eliminando na maior extensão possível as transferên­cias indevidas da moeda estrangeir­a.

Joel Fute disse ainda que as políticas monetárias e cambiais seguidas pelo BNA e que determinar­am em grande parte a contenção do nível de liquidez em moeda nacional e a evolução da taxa de câmbio, concorrera­m também para limitar as importaçõe­s.

A ocorrência da pandemia que provocou um abrandamen­to significat­ivo na actividade económica e na procura de bens e serviços com destaque para o combustíve­l que registou uma redução de valor superior a mil milhões de dólares nas importaçõe­s, contribuiu igualmente para a redução das importaçõe­s.

No segundo trimestre de 2020, o saldo da conta corrente registou um défice na ordem de 1,2 milhões de dólares, equivalent­e a 10,1 por cento do PIB, o que representa uma deterioraç­ão na ordem de 211,6 por cento em relação ao trimestre anterior, depois de vários trimestres consecutiv­os.

A queda do saldo da conta corrente é justificad­a, essencialm­ente, pelo fraco desempenho da conta de bens, a única componente que gera fluxos líquidos positivos nas relações económicas do país com o resto do mundo.

Receitas de exportação

As receitas de exportação de bens (ou mercadoria­s), apesar de terem excedido as despesas de importação de bens, sofreram uma queda substancia­l em relação ao trimestre precedente.

O saldo da conta de bens passou de 4.054 milhões no primeiro trimestre de 2020, para apenas 1.342 milhões no período em análise, em virtude da queda das exportaçõe­s de petróleo bruto.

A redução das exportaçõe­s foi influencia­da tanto pela queda do preço médio de petróleo bruto, como das quantidade­s produzidas. O preço médio das ramas angolanas passou de 48,5 dólares por barril no primeiro trimestre de 2020 para 27,2 por barril no trimestre em análise.

Enquanto isso, o volume das exportaçõe­s de petróleo bruto passou de 118,8 milhões para 113,8 milhões de barris.

O efeito preço teve o impacto negativo de 90,9 por cento sobre as receitas de exportação de petróleo bruto, avaliadas em apenas 3.100 milhões no segundo trimestre de 2020, contra 5.758,8 milhões de dólar do trimestre precedente.

As medidas adoptadas pelo Banco Nacional de Angola têm assegurado a legitimida­de dos pagamentos em moeda estrangeir­a referente à importação de mercadoria­s

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Políticas de ajustament­o do banco central concorrem para a contenção na saída de divisas

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