Unidade nacional
Há dias, o país foi catalogado como um exemplo em matéria de paz e estabilidade, uma realidade que me leva, hoje, a escrever algumas linhas, sobretudo para defender a necessidade de unidade entre os angolanos. Nada a propósito dos últimos acontecimentos em, matéria de política em que os partidos parecem já estar em campanha política, a tendendo aos ataques. Nos últimos dias, até a Igreja Católica fez sair um comunicado em que dava conta da elevação do tom de voz alterado das forças políticas que animam o nosso cenário político. Não sei bem porquê é que de repente começaram a surgirem ataques e recriminações mútuas entre os partidos, razão pela qual nunca vai ser demais chamar à razão os actores políticos para a moderação. Em minha opinião e sem pretender culpar ninguém, apenas vou insistir na tónica desta modesta avaliação na observação do conjunto em detrimento das partes, independentemente destas formarem o todo que somos de Cabinda ao Cunene. Julgo importante olharmo-nos no espelho sempre com o reflexo da nossa angolanidade, sempre como filhos da mesma mãe e que inseparavelmente pretendem continuar juntos. A unidade de todos é parte de um processo contínuo de superação de cada angolano, das famílias e das comunidades de Cabinda ao Cunene. Temos que ganhar consciência de que nunca vamos nos entender a cem por cento e, na verdade, esperar que nos entendamos sempre e a toda a hora vai traduzir-se naquilo que a Bíblia Sagrada diz descreve como um esforço para alcançar o vento. Não podemos esperar que concordemos todos com todos, facto que, às vezes, assusta a alguns, mas que nos deve lembrar que somos diferentes e que vamos crescer na diversidade e na adversidade. Os últimos acontecimentos devem lembrar-nos, sempre, de apenas com a construção de um processo de cedências e concessões, por parte dos actores políticos e cívicos, vai ser possível erguermos um país em que todos consigam se rever. Angola é de todos e deve ser erguida com o esforço de cada um, independentemente das nossas diferenças. Acredito que estamos já a aprender e a caminhar, mesmo com os nossos erros, para fazermos melhor. Para terminar, gostaria de lançar uma palavra de encorajamento às forças políticas e às organizações da sociedade civil, no sentido de não usurparem papel e atribuições de umas às outras, mas privilegiarem os espaços de actuação prévia e legalmente consagrado pelas leis e pelas instituições do país. Não se pode esperar que um partido político faça activismo cívico ao ponto de se misturar nas manifestações. Precisamos de distinguir as acções das suas entidades, devidamente enquadradas no nosso ordenamento e cujo funcionamento e fins nunca se devem confundir. ARMANDO JANUÁRIO Sambizanga