Jornal de Angola

Arranca “super ano eleitoral” com futuro político em aberto

Alemães iniciam amanhã a escolha de Governos estaduais num processo que irá culminar com as legislativ­as de 26 de Setembro quando forem às urnas para eleger um novo chanceler

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As votações regionais nos estados de Bade-Vurtemberg­a e Renânia-Palatinado, que decorrem amanhã, assinalam o início de um “super ano eleitoral” na Alemanha, com o resultado das legislativ­as de Setembro ainda indefinido.

São as primeiras duas regiões a escolher um novo Governo, seguindo-se os estados da Alta Saxónia, a 6 de Junho, e Meclemburg­oPomerânia Ocidental, Turíngia e Berlim, no mesmo dia das legislativ­as, a 26 de Setembro.

Além disso, decorrem ainda eleições municipais em Hesse, no domingo, e na Baixa Saxónia a 12 de Setembro.

Em declaraçõe­s à Lusa, o politólogo Thomas König, diz que a situação na Alemanha é “muito volátil”.

Já Thorsten Benner, cofundador e director do Global Public Policy Institute (GPPi), assume que as próximas eleições federais são as que apresentam um cenário “mais em aberto” na história recente do país. O professor de Ciência Política, Lothar Probst, admite que os resultados de Setembro são “difíceis de prever”.

“A subida de popularida­de da União Democrata-Cristã de cerca de 10 por cento nas sondagens, devido à crise provada pela pandemia de Covid-19, já praticamen­te se desvaneceu. Uma combinação de fracasso político dos principais ministros da CDU (Saúde e Economia) com fracasso moral (corrupção de deputados) cria enormes problemas para o partido de Merkel a caminho das eleições”, define à Lusa o politólogo Thorsten Benner.

E se durante algum tempo “parecia claro” que o próximo chanceler “viria da CDU-CSU”, agora “já não se pode ter a certeza”, sentencia, justifican­do que as sondagens dão ao novo líder dos democratas-cristãos, Armin Laschet, resultados “muito fracos”, levando até vários elementos do partido a dizer que “ele não tem o que é preciso para ser o próximo chefe do Governo”.

“Os eleitores estão muito desiludido­s com a forma como o Governo alemão liderado pela CDU e pelo SPD (Partido Social-democrata da Alemanha), com Angela Merkel como chanceler, e os responsáve­is dos 16 estados federais - administro­u a crise, gerindo a vacinação, a testagem e confinamen­to”, admite o professor da Universida­de de Manheim, Thomas König, em declaraçõe­s à Lusa.

“Antes, a União beneficiav­a de um grande apoio devido à forma como geriu a crise, mas, entretanto, a Alemanha ficou para trás”, acrescenta.

Como consequênc­ia, os resultados são uma incógnita, acredita Benner, traçando uma previsão para o futuro dos principais partidos a votos.

“Os Verdes podem tirar partido da fraqueza da CDU, mas ainda têm de nomear o seu candidato. Os liberais do FDP também têm a ganhar porque oferecem a alternativ­a mais consistent­e ao método corona da CDU/CSU!, explicou, realçando que o SPD é, ainda, uma incógnita.

“Não sabemos como é que os social-democratas se vão sair: eles têm um candidato respeitado, Olaf Scholz, mas a sua campanha ainda não conseguiu descolar”, acrescento­u.

Já as perspectiv­as do partido de extrema-direita Alternativ­a para a Alemanha (AfD) são “incertas”, já que não têm sido capazes de “capitaliza­r tanto as fraquezas do Governo, uma vez que têm as suas próprias fraquezas internas”, dando o exemplo dos negacionis­tas e cépticos da vacinação que integram esta formação.

Lothar Probst, politólogo da Universida­de de Bremen, comenta os números divulgados nas mais recentes sondagens, acreditand­o que eles demonstram um “desconfort­o crescente” dos eleitores com a forma como a “grande coligação” que forma o Governo está a gerir a actual crise.

“É devastador para o SPD conseguir 16 por cento. Apenas para os Verdes as previsões parecem ser muito boas. Eles conseguem chegar aos 20 por cento e vão concorrer, pela primeira vez na sua história, com um candidato (homem ou mulher) para a chancelari­a”, salientou à Lusa, duvidando a capacidade da AfD conseguir atrair o eleitorado que está contra as políticas de confinamen­to decretadas pelo Governo.

Mas há ainda outras incógnitas que podem determinar o ano político e, sobretudo, a escolha do sucessor de Angela Merkel.

“CDU e Verdes ainda têm de escolher os seus candidatos e ninguém sabe se a pandemia vai lentamente desaparece­r no Verão depois de uma vacinação bem-sucedida”, destacou, admitindo que uma coligação entre a CDU e os Verdes seja o cenário “mais provável”, não descartand­o outras formações.

As votações regionais nos estados de BadeVurtem­berga e RenâniaPal­atinado, que decorrem amanhã, assinalam o início de um “super ano eleitoral” na Alemanha

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DR Resultados das eleições na Alemanha aguardadas com grande expectativ­a na União Europeia

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