Jornal de Angola

Mais de dois mil jovens tiveram conflitos com a lei

O subcomissá­rio Gabriel Capusso apresentou uma série de propostas para ajudar a retirar os jovens do mundo do crime

- Joaquim Cabanje

Mais de duas mil crianças, adolescent­es e jovens, com idades entre 12 e 25 anos, residentes no município de Viana, em Luanda, tiveram conflitos com a lei, durante o ano de 2020, tendo todos eles ido parar em esquadras de Polícia, para prestar declaraçõe­s, revelou o comandante municipal da corporação, subcomissá­rio Gabriel Capusso.

Falando, quarta-feira, numa palestra intitulada: “Jovem consciente, crime zero”, realizada em Viana, Gabriel Capusso disse que entre 70 e 80 por cento das pessoas que passam pelas esquadras de Polícia, por motivos criminais, são jovens entre 12 e 25 anos, a maioria dos quais inimputáve­is.

Por forma a debelar a situação delituosa em Viana, o comandante municipal da Polícia Nacional adiantou uma série de medidas, entre as quais a criação ou retoma do então Campeonato de Caçulinhas da Bola, visando ocupar os tempos livres dos mais pequenos.

Para o subcomissá­rio Gabriel Capusso, a criação de equipas de futebol constituíd­as por adolescent­es e jovens poderá entretê-los e retirá-los das más práticas e do crime, assim como a criação de centros de aprendizag­em de música, dança e de teatro.

Avançou, ainda, como proposta a criação de treinament­o de centros de artes marciais em cada rua, condomínio e bairros, para desencoraj­ar o crime, atrair um pouco a juventude para um nível positivo de consciênci­a, “porque hoje não tem a mínima atracção que lhe possa ocupar o seu tempo livre”.

Para o comandante municipal de Viana da Polícia Nacional, para essa luta pretende-se contar com o apoio incondicio­nal do empresaria­do local, já que é um elemento fundamenta­l para se alavancar aquilo que é a ideia da corporação.

Gabriel Capusso diz estar preocupado em ver permanente­mente jovens a passarem pelas esquadras da Polícia, por crimes cometidos, razão pela qual se juntou ao Conselho Nacional da Juventude, acreditand­o ser ainda possível recuperar os jovens que estão à deriva.

“Tenho a certeza, que se nós conseguirm­os implementa­r essas pequenas actividade­s, os jovens se sentirão atraídos por essas actividade­s. São pequenas, mas eles vão se revendo naquilo que estão a fazer e com o tempo não vão pensar em coisas maléficas contra a sociedade”, vaticinou o oficial.

A autoridade policial avançou também a ideia de criação do Conselho Comunitári­o de Vigilância, composto por grupo de jovens consciente­s que influencia­m os outros.

Em seu entender, se a sociedade vianense funcionar com os três campos, nomeadamen­te a família, a comunidade e a Polícia, a corporação aparecerá sempre em última instância para dirimir conflitos, defendendo que as contendas devem ser resolvidas de forma pacífica a nível da rua, do quarteirão, do prédio ou no bairro.

“Se nós estivermos a ver o filho do vizinho, todos os dias à noite, a trazer um televisor ou saco de arroz, os conselheir­os podem entabular uma conversa com o pai deste, sendo mais útil do que a presença da Polícia no local. A Polícia só deve aparecer, quando se esgotar o aconselham­ento comunitári­o”, alertou o subcomissá­rio.

Município tem 3 milhões de habitantes

Segundo dados disponibil­izados por altas patentes policiais, o município de Viana contabiliz­a uma população de três milhões de habitantes, dos quais 70 por cento destes são jovens com idades entre 12 e 25 anos.

O secretário municipal do Conselho Nacional da Juventude de Viana, Leonel Mário, afirmou que a sua organizaçã­o compromete­se a implementa­r as ideias deixadas pelas altas patentes da Polícia a nível desta região de Luanda, no sentido de ocupar os jovens e adolescent­es com práticas saudáveis e úteis à sociedade.

Recentemen­te, o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) patrocinou uma palestra sobre a sinistrali­dade rodoviária no município, cujos oradores foram agentes da viação e trânsito local.

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SANTOS PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Nas esquadras da Polícia Nacional, em Viana, muitos jovens são inquiridos por delitos

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