Os pastores protestantes
Ernestro Kabelami considera que os pastores da Igreja Protestante desempenharam papéis muito importantes na consciencialização da população para a sublevação em Kitexi. Tirando alguns jovens que sabiam ler e escrever nas aldeias, os pastores eram os mais esclarecidos e, por isso, capazes de interpretar a Bíblia e esclarecerem as razões da sublevação.
Os activistas pensavam que eles podiam relacionar bem a escravatura bíblica do povo de Israel com a escravatura que viviam os angolanos. Daí a aposta nos pastores para lerem os panfletos e repassarem a mensagem para a luta.
Ernestro Kabelamir ecorda que,nodiadoataque,tiveram a bênção do pastor Loreto António Manuel, que se juntou aos atacantes, tendo lido algum excerto bíblico aos jovens, antes do ataque. “Avante,avante,ócrente,soldado de Jesus”, foi o refrão dohináriobíblico“povocantai” evocadoemcantopelosnacionalistas antes de partirem.
O próprio pastor Loreto, que era “guia de classe” da missão protestante de Kitexi, antes de abraçar a causa da luta, mais tarde se tornaria num dos comandantes da UPA. Além dele, abraçaram o movimento os pastores Pedro Mazengu, Samuel Zacarias Miguel, Matos Matoso e João Gonçalves. Este último era líder de todo o movimento protestante da região de Ndembo a Mbuila. Viria a ser morto, na aldeia de Kikaia, durante a retaliação dos soldados coloniais.
O domínio pelos portugueses da presença destes evangelistas na revolução motivou a morte de muitos pastores, durante a vingança das tropas coloniais, no Ndembu Ambuila e Ndembo Ndambi a Ngola, depois de seremalistadospeloscolonos de Kitexi, como patrocinadores da consciência independentista da população.