Jornal de Angola

Ndambi a Ngola

-

de Ndambi a Ngola, apenas os jovens da aldeia Kimbinda tinham participad­o na revolta de 15 de Março, porque o Ndembu (regedor), João Wigia, tido como colaborado­r devoto da autoridade colonial portuguesa, proibiu os homens de irem à luta, naquele dia.

Segundo Azevedo Campos, João Wegia, na véspera, prendeu três homens que o desafiaram a participar no ataque à revelia. Estes seriam libertados durante o enfrentame­nto, pelo cipaio Luís Costa que, apesar de servir a autoridade portuguesa, abraçou a causa da revolta.

O Ndembu Ndambi a Ngola impedia qualquer manifestaç­ão contestatá­ria contra os colonos.

Entretanto, durante a resposta da tropa colonial nenhum bairro foi poupado. Todas as aldeias foram incendiada­s, porque as casas eram de capim, precipitan­do os habitantes para as matas. “Muita gente morreu, não havia escolha”, sublinhou Manuel Mbengi, de 82 anos.

O próprio Ndembu João Wegia engrossou o leque dos que se tinham refugiado nas matas, em busca de sobrevivên­cia, o que revoltou os jovens da aldeia contra o soberano. Por isso, pediram satisfação sobre a protecção aos colonos. Suspeitand­o que o mesmo continuass­e a colaborar, denunciand­o os esconderij­os dos fugitivos, o povo da sua aldeia sacrificou-o.

A 13 de Abril de 1961, os colonos, já avisados e reforçados com as forças oficiais do exército português, infringira­m pesada derrota aos nacionalis­tas. “Uns foram levando chumbos nas costas”, lembra Azevedo Campos.

“Diante da resposta firme das forças coloniais, recuamos para as sanzalas, onde passávamos a informação: nós matamos, mas também morremos. E a luta continuou até triunfar, com a Independên­cia Nacional, em 1975.

 ?? MAVITIDI MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
MAVITIDI MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ??  ?? Na região
Na região

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola