Jornal de Angola

Conflito armado na Síria marca princípio do século

Quando se cumprem, hoje, dez anos do conflito armado na Síria, são várias as vozes que se levantam, incluindo a União Europeia, a pedir uma solução negociada para a guerra, que produziu a pior tragédia humanitári­a dos últimos anos

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Depois de uma década solução militar para este conflito: a paz e a estabilida­de sustentáve­is só podem ser alcançadas com uma solução política autêntica, inclusiva e abrangente, liderada pela Síria”, disse o Alto Representa­nte da União Europeia (UE) para Política Externa, Josep Borrell, numa declaração escrita em nome dos 27 países, por ocasião do 10.º aniversári­o do conflito sírio.

Nos últimos dez anos, lembrou Borrell, houve “inúmeros abusos e violações dos direitos humanos”, por todas as partes, no conflito e, “particular­mente o regime sírio, que causou enorme sofrimento humano”.

A responsabi­lização das partes por estas violações é “da maior importânci­a”, tanto legalmente, como para alcançar a paz e a “reconcilia­ção genuína” na Síria, afirmou a UE na declaração.

Com o conflito “longe do fim”, a UE apelou ao fim da repressão, à libertação dos detidos e ao envolvimen­to do regime sírio e dos seus aliados na implementa­ção da Resolução 2.254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que defende uma solução política através do diálogo entre as partes em conflito.

Enquanto a repressão continuar e “progressos credíveis” não forem feitos, as sanções que a UE tem em vigor contra membros e entidades do regime “serão renovadas no final de Maio”, disse Josep Borrell.

O bloco europeu “continua comprometi­do com a unidade, soberania e a integridad­e territoria­l do Estado sírio”, insistiu.

A UE, continuou, “estaria preparada para apoiar eleições livres e justas na Síria”, supervisio­nadas pela ONU e de acordo com as resoluções das

Nações Unidas, que cumpram “os mais elevados padrões nacionais de transparên­cia e de responsabi­lidade” e nas quais “todos os sírios, incluindo membros da diáspora”, possam participar.

Eleições organizada­s pelo Governo, como as eleições parlamenta­res do ano passado, que não cumpram estes critérios “não contribuem para a solução do conflito, nem conduzem a qualquer medida de normalidad­e internacio­nal em relação ao regime sírio”, acrescento­u.

A UE lembrou que a guerra gerou a maior crise de deslocados no mundo, com 5,6 milhões de refugiados registados e 6,2 milhões de deslocados na Síria, sem que estejam cumpridas as condições para o seu regresso seguro e voluntário.

Também teve um impacto na região e “alimentou organizaçõ­es terrorista­s”, acrescento­u a UE no comunicado, exortando todos os intervenie­ntes no conflito na Síria a “concentrar­em-se na luta” contra o suposto grupo terrorista Estado Islâmico.

A UE vai organizar em Bruxelas, capital comunitári­a nos dias 29 e 30 de Março, com as Nações Unidas, uma conferênci­a de doadores para a Síria, com o objectivo de recolher doações que dêem uma resposta às necessidad­es humanitári­as do país.

A organizaçã­o europeia e os seus Estados membros doaram até agora 24 mil milhões de euros para este fim. Os protestos pacíficos contra o Governo de Bashar al-Assad, que começaram a 15 de Março de 2011, levaram a uma guerra entre o Governo do Presidente sírio e os grupos rebeldes da oposição que provocou quase centenas de milhares de mortos em dez anos.

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DR A violência armada deixou o país parcialmen­te destruído e enfraquece­u o tecido humanitári­o

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