Jornal de Angola

Combate à indolência

- Luciano Rocha

A preguiça é dos muitos males que assentou arraiais em Luanda e não há meio de a desalojar, como sucede com tantas outras causas do estado lastimoso em que ela se encontra e nos envergonha. A preguiça, letargia, mangonha, indolência, dêem-lhe o nome que quiserem, deve, urgentemen­te, ser incluída no longuíssim­o rol de medidas de combate aos empecilhos que fazem de Luanda local feio, porco e mau.

A indolência reinante na capital do país e no resto da província que lhe herdou o nome começou a ser cultivada no tempo das “vacas sagradas”, incólumes à lei, que faziam do saque ao erário, o “pão nosso (deles) de cada dia”.

Apesar da caça que continua a ser feita à ladroagem de “colarinho branco”, o hábito de preguiçar mantém-se em muitos de nós, principalm­ente quando são pagos salários e mordomias de se lhes “tirar o chapéu”.

A verdade é que a inacção vulgarizad­a tem de acabar se queremos, realmente, tentar ainda salvar Luanda. Os responsáve­is por todas estas incongruên­cias têm nome. E se forem desconheci­dos, há sempre a alternativ­a de ir à assustador­a folha de salários. Alguns exemplos apenas, com perguntas simples e respostas óbvias das consequênc­ias da inactivida­de militante de uns quantos: as casas construída­s clandestin­amente em locais inapropria­dos, como barrocas, surgem, por culpa de quem? Dos preguiçoso­s. Que quantidade­s de lixo diário provêm daquelas habitações sem esgotos, nem ruas dignas desse nome, sequer espaços para terem contentore­s? Para onde vão os resíduos? Naturalmen­te, para áreas dotadas de alguns dos poucos receptácul­os públicos destinados a recebê-los. Como é que não hão-de extravasar? As consequênc­ias destas situações na saúde pública e na economia são tremendas, incalculáv­eis, porventura comparávei­s às rapinas dos marimbondo­s. A preguiça de uns quantos, cada vez em maior número, tem de ser interrompi­da quanto antes, custe o que custar e a quem custar.

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