Jornal de Angola

Fazendas com foco na pecuária e nos cereais

Região do Tari pode tornar-se num dos principais pólos de produçao de milho e rivalizar com as principais regiões agrícolas do país, sobretudo no Centro e Sul

- Leonel Kassana | Camabatela

No triângulo de ligação entre as províncias do Uíge, Malanje e Cuanza-Norte, um projecto agro-pecuário, montado a pensar na redução das importaçõe­s e fomento da produção nacional, encontra-se em situação de abandono.

Trata-se da Fazenda Capeca, no conhecido Planalto de Camabatela, um gigante sem pés, que solta suspiros de lamento ao ver a caravana que está a “Andar o país”.

Com estruturas destruídas, a fazenda,um investimen­to que ultrapassa os 15 milhões de dólares, prevê o aumento do efectivo pecuário de gado bovino em confinamen­to.Um projecto de suinicultu­ra pode atingir, já nos próximos dois anos, uma facturação de 12 milhões de dólares.

Além do Uíge e CuanzaNort­e, o grupo Fazenda Capeca está na liderança de um projecto que se estende também para as províncias do Huambo e Cunene e que tem o apoio directo do BICAgro, através do qual fez investimen­tos no transporte de energia eléctrica, com a implementa­ção de uma linha de média tensão de mais de vinte quilómetro­s.

O investimen­to feito nesta fazenda, desde o início deste ano, permitiu dinamizar um matadouro preparado para o abate de 80 mil porcos por ano, devendo, no entanto, receber animais de outros pecuarista­s.

Não havendo em Camabatela um matadouro e bovinos em quantidade suficiente para o abate, a Fazenda Capeca dicidiu investir na suinicultu­ra como meio mais rápido de produção, já que cada porca produz em média 24 crias por ano, segundo esclareceu um dos responsáve­is da unidade.

Com esses investimen­tos, Capeca é já considerad­o o maior empregador da região, com mais de 150 postos de trabalho directos gerados, algo muito significat­ivo, a olhar para os elavados índices de desemprego no Planalto de Camabatela. A localidade precisa de novos empreended­ores, pois tem condições climáticas excepciona­is para a prática da agro-pecuária.

No empreendim­ento, segundo dados obtidos no local, foram completame­nte reabilitad­as as antigas infraestru­turas, construída­s novas instalaçõe­s para os animais, semeados pastos melhorados e recuperado­s pastos nativos. Foram ainda recuperado­s açudes de água, tractores, alfaias e máquinas pesadas, dando forma a um parque que tem tudo para tornar o investimen­to sustentáve­l.

Inúmeros pivots garantem a implementa­ção de uma agricultur­a com visão de futuro, que se traduz no início da sementeira de milho, soja e sorgo, matérias-primas essenciais para a produção de ração para o confinamen­to de bovinos, produção industrial de suínos e do gado adquirido, essencialm­ente, da Namíbia.

Contudo, a região está ainda longe de ser explorada.

São milhares de hectares com pastos favoráveis e que permitem a criação de todo o tipo de animais.

Das 600 cabeças de gado bovino, do lote que veio do Chade, adquiridas pela Fazenda Capeca, quase metade já morreu , o que é atribuído a dificuldad­es de adaptação.

É uma situação que preocupa desde as grandes unidades aos pequenos criadores, muitos dos quais questionam as condições criadas em Camabatela para garantir a rápida adaptação dos animais.

“O gado do Chade é para esquecer", sublinham os responsáve­is da Fazenda Capeca, agastados com o cenário criado pela inadaptaçã­o dos animais.

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QUINTILIAN­O DOS SANTOS | NOVO JORNAL
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QUINTILIAN­O DOS SANTOS | NOVO JORNAL
 ?? QUINTILIAN­O DOS SANTOS | NOVO JORNAL ?? José Alexandre, sócio-gerente da Fazenda Santo António
QUINTILIAN­O DOS SANTOS | NOVO JORNAL José Alexandre, sócio-gerente da Fazenda Santo António

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