Fazendas com foco na pecuária e nos cereais
Região do Tari pode tornar-se num dos principais pólos de produçao de milho e rivalizar com as principais regiões agrícolas do país, sobretudo no Centro e Sul
No triângulo de ligação entre as províncias do Uíge, Malanje e Cuanza-Norte, um projecto agro-pecuário, montado a pensar na redução das importações e fomento da produção nacional, encontra-se em situação de abandono.
Trata-se da Fazenda Capeca, no conhecido Planalto de Camabatela, um gigante sem pés, que solta suspiros de lamento ao ver a caravana que está a “Andar o país”.
Com estruturas destruídas, a fazenda,um investimento que ultrapassa os 15 milhões de dólares, prevê o aumento do efectivo pecuário de gado bovino em confinamento.Um projecto de suinicultura pode atingir, já nos próximos dois anos, uma facturação de 12 milhões de dólares.
Além do Uíge e CuanzaNorte, o grupo Fazenda Capeca está na liderança de um projecto que se estende também para as províncias do Huambo e Cunene e que tem o apoio directo do BICAgro, através do qual fez investimentos no transporte de energia eléctrica, com a implementação de uma linha de média tensão de mais de vinte quilómetros.
O investimento feito nesta fazenda, desde o início deste ano, permitiu dinamizar um matadouro preparado para o abate de 80 mil porcos por ano, devendo, no entanto, receber animais de outros pecuaristas.
Não havendo em Camabatela um matadouro e bovinos em quantidade suficiente para o abate, a Fazenda Capeca dicidiu investir na suinicultura como meio mais rápido de produção, já que cada porca produz em média 24 crias por ano, segundo esclareceu um dos responsáveis da unidade.
Com esses investimentos, Capeca é já considerado o maior empregador da região, com mais de 150 postos de trabalho directos gerados, algo muito significativo, a olhar para os elavados índices de desemprego no Planalto de Camabatela. A localidade precisa de novos empreendedores, pois tem condições climáticas excepcionais para a prática da agro-pecuária.
No empreendimento, segundo dados obtidos no local, foram completamente reabilitadas as antigas infraestruturas, construídas novas instalações para os animais, semeados pastos melhorados e recuperados pastos nativos. Foram ainda recuperados açudes de água, tractores, alfaias e máquinas pesadas, dando forma a um parque que tem tudo para tornar o investimento sustentável.
Inúmeros pivots garantem a implementação de uma agricultura com visão de futuro, que se traduz no início da sementeira de milho, soja e sorgo, matérias-primas essenciais para a produção de ração para o confinamento de bovinos, produção industrial de suínos e do gado adquirido, essencialmente, da Namíbia.
Contudo, a região está ainda longe de ser explorada.
São milhares de hectares com pastos favoráveis e que permitem a criação de todo o tipo de animais.
Das 600 cabeças de gado bovino, do lote que veio do Chade, adquiridas pela Fazenda Capeca, quase metade já morreu , o que é atribuído a dificuldades de adaptação.
É uma situação que preocupa desde as grandes unidades aos pequenos criadores, muitos dos quais questionam as condições criadas em Camabatela para garantir a rápida adaptação dos animais.
“O gado do Chade é para esquecer", sublinham os responsáveis da Fazenda Capeca, agastados com o cenário criado pela inadaptação dos animais.