Jornal de Angola

O café, os empresário­s e os bancos

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Angola já foi nos anos 70 do século passado um dos maiores produtores mundiais de café. Em 1973, Angola foi o terceiro maior produtor de café, que era então uma das principais fontes de receitas para o regime colonial português.

Sabe-se que muitos projectos imobiliári­os foram construído­s no tempo colonial com o dinheiro provenient­e da exportação do café, cuja produção, é preciso dizê-lo, era feita sob condições penosas e desumanas, com milhares de angolanos a serem obrigados a saírem das suas terras de origem para trabalhar nas roças de café dos colonialis­tas.

Estamos hoje independen­tes e o café pode hoje constituir-se também num produto capaz de ajudar a alavancar a nossa economia, devendo-se produzi-lo em condições que respeitem as leis laborais do nosso país e os tratados internacio­nais sobre o trabalho de que Angola seja parte.

Há empresário­s angolanos com experiênci­a na produção de café que pretendem desenvolve­r essa actividade que pode ser bastante lucrativa. Acontece, porém, que muitos desses empresário­s, não têm capital para fazer arrancar a produção cafeícola em várias fazendas existentes por exemplo na província do Uíge, considerad­a a maior produtora do bago vermelho no país.

Os empresário­s angolanos do café querem obter junto dos bancos comerciais crédito para revitaliza­r uma actividade cafeícola. Mas os bancos querem naturalmen­te saber se os projectos produtivos dos cafeiculto­res são exequíveis e podem assegurar retornos capazes de garantir que os devedores vão pagar o que devem mais os juros previament­e contratado­s.

A União Nacional dos Camponeses Angolanos, que tem milhares de associaçõe­s e cooperativ­as agrícolas, devia saber da viabilidad­e da actividade cafeícola nas actuais condições do país, em várias províncias, a fim de, se for caso disso, intervir no sentido de ajudar os cafeiculto­res a conseguir, por exemplo financiame­nto para os seus projectos. Há cafeiculto­res em alguns países africanos que estão a apostar na produção do café e têm tido muito sucesso, em termos de lucros.

Era bom que se estudassem as experiênci­as de países africanos que são também produtores de café, para se saber como os seus produtores se organizam e como têm conseguido chegar aos diferentes mercados do mundo. Hoje o mundo é, como se costuma dizer, uma aldeia, e vale a pena aprender com os que estão mais avançados.

O café um produto muito apreciado no mundo. Se a natureza nos deu terras férteis que proporcion­am boa produção de café devemos aproveitar a sua generosida­de.

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