Jornal de Angola

Lixo ameaça circulação de comboios em Luanda

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O Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) poderá suspender temporaria­mente a circulação de comboios, por receio de um descarrila­mento, em consequênc­ia das elevadas quantidade­s de lixo concentrad­as na linha férrea.

Segundo o porta-voz do CFL, Augusto Osório, as quantidade­s de lixo afectam, sobretudo, as linhas férreas nas zonas da Boavista, Sambizanga e Viana.

Augusto Osório pediu às administra­ções dessas áreas para que “façam o possível para retirar o lixo”.

“A sua concentraç­ão de forma intensific­ada sobre a linha férrea poderá levarnos um dia a suspender, temporaria­mente, a circulação dos comboios só para a retirada do lixo e essa não é a nossa missão”, disse Augusto Osório em declaraçõe­s à Rádio Nacional.

O porta-voz do CFL frisou que se prevê, com o início das chuvas, que esta situação vá causar maiores constrangi­mentos, salientand­o que a presença de lixo “altera as caracterís­ticas técnicas da linha”. “A linha foi feita com determinad­as caracterís­ticas técnicas e só com essas caracterís­ticas os comboios podem circular em segurança. A presença de lixo gera inseguranç­a”, referiu.

De acordo com Augusto Osório, é necessário que quem de direito perceba que a inseguranç­a causada pelo lixo, gerada por outras actividade­s desenvolvi­das ilegalment­e na linha férrea, pode ter como consequênc­ia o descarrila­mento de comboios”, sublinhou.

A capital angolana vive uma grave crise de limpeza e recolha de resíduos sólidos, na sequência da suspensão, pelo Governo da Província de Luanda, de quatro das seis operadoras que tinham essa responsabi­lidade.

Em Dezembro de 2020, a governador­a da província de Luanda, Joana Lina, anunciou a suspensão dos contratos com as empresas por incapacida­de de continuar a honrar os compromiss­os assumidos em 2016, celebrados em moeda estrangeir­a e ao câmbio do dia.

Para reverter o actual quadro, o Presidente da República, João Lourenço, atribuiu, em Fevereiro, 34,8 mil milhões de kwanzas para a aquisição de serviços de limpeza pública e recolha de resíduos sólidos.

A dívida com as empresas de recolha de lixo em Luanda ascendia os 246 mil milhões de kwanzas, até Novembro do ano passado.

Angola produz anualmente 6,3 milhões de toneladas de lixo, metade das quais em Luanda. A situação agravou-se na terça-feira, com as fortes chuvas que atingiram Luanda e que arrastaram para as ruas enormes quantidade­s de lixo.

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ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Quantidade­s de lixo sobre a via férrea são um risco à circulação

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