Jornal de Angola

Primeiro-ministro etíope lança um “aviso final”

Dias depois de se terem iniciado os primeiros julgamento­s de elementos rebeldes de Tigray, o Primeiro-ministo etíope, lança um “aviso final” para que os que ainda estão em fuga se entreguem às autoridade­s no prazo de uma semana

-

O Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, emitiu ontem, um “aviso final” aos líderes fugitivos da região de Tigray, palco do conflito, dizendo que deveriam renderse pacificame­nte para evitar “castigos severos” e impedir a “miséria do seu povo”, noticiou a Lusa.

Abiy Ahmed exortou as incalculáv­eis centenas de milhares de pessoas de etnia Tigray, que fugiram das suas comunidade­s durante os últimos quatro meses de luta, a regressare­m às suas casas no prazo de uma semana e a retomarem “vidas normais”.

O aviso de Abiy refere que alguns civis pegaram em armas, talvez sob ameaça de força, mas disse que “não são os principais culpados”. O novo aviso surgiu numa altura em que há relatos de uma maior presença de forças etíopes a caminho do local utilizado pela população de Tigray para fugir da região – a passagem da fronteira para a remota cidade de Hamdayet, no Sudão. As forças etíopes e aliadas durante meses têm alegadamen­te bloqueado a passagem de pessoas, embora mais de 60 mil tenham conseguido entrar no Sudão.

A nova declaração de Abiy não diz exactament­e o que acontecerá se os líderes políticos e militares fugitivos de Tigray não se entregarem. Aconselha-os a “fazerem a sua parte, aprendendo com a devastação e os danos até agora causados” e a evitar mais derramamen­to de sangue.

Ninguém sabe ao certo quantos milhares de civis ou combatente­s foram mortos durante estes meses de tensões políticas entre o Governo de Abiy e os líderes de Tigray, que em tempos dominaram o Executivo da Etiópia.

A região permanece largamente isolada do mundo, com poucos jornalista­s autorizado­s a entrar, e só agora estão a ser tomadas medidas para permitir que o gabinete das Nações Unidas para os direitos humanos em Tigray ajude a investigar as alegações de atrocidade­s.

Entretanto, testemunha­s em Hamdayet e noutros locais relataram à agência Associated Press (AP) assassinat­os e pilhagens generaliza­das por soldados da vizinha Eritreia, um inimigo de longa data de Tigray que é acusado de se aliar à Etiópia no conflito, mas o Governo de Adis Abeba negou a sua presença. Testemunha­s também descrevera­m terem sido despojadas de bens e forçadas a abandonar as suas casas pelas forças da vizinha região de Amhara, outro aliado do Governo etíope na guerra.

Para os refugiados em Hamdayet, há pouca esperança de regressare­m a casa ou mesmo de terem uma para onde regressar, independen­temente do que o Primeiro-ministro esteja agora a pedir.

Primeiros julgamento­s

A semana passada, 15 membros da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), comparecer­am em tribunal onde serão julgados por acusações de “traição”. Segundo a Efe, as acusações fundamenta­mse em alegados ataques contra o Exército e participaç­ão activa na tentativa de golpe de Estado militar.

Estes dirigentes foram presos na sequência do conflito sangrento na região que opôs membros armados da TPLF e o Exército federal etíope. Entre os que comparecer­am no tribunal estão Abay Woldu, ex-presidente da região de Tigray e Sebhat Nega, um dos fundadores do grupo do partido.

A Força de Defesa Nacional da Etiópia anunciou, a 8 de Janeiro, que havia morto altos funcionári­os da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), entre eles o porta-voz da TPLF, Sekoture Getachew e Daniel Assefa, o ex-chefe do Gabinete de Finanças de Tigray. Zeray Asgedom e Abebe Asgedom, dois elementos centrais da TPLF, também foram mortos durante a operação militar.

Em comunicado, o chefe do Departamen­to de Desdobrame­nto das Forças de Defesa, General Tesfaye Ayalew, confirmou as mortes, dizendo que, além disso, nove líderes da TPLF foram presos após uma outra operação conjunta conduzida pelo seu Exército e órgãos de segurança federal.

Um número não especifica­do de soldados foi morto no ano passado e uma quantidade consideráv­el de equipament­o militar foi saqueada pelas forças da TPLF, levando o Governo a lançar uma operação massiva de aplicação da lei.

A 28 de Novembro, o Primeiro-ministro Abiy Ahmed anunciou a operação, dizendo que o que restava era apenas a detenção de todos os líderes da TPLF e dos seus militantes, para dar início à reconstruç­ão e reabilitaç­ão da região e a implantaçã­o das estruturas de uma administra­ção interina para Tigray.

 ?? DR ?? O chefe do Executivo da Etiópia exorta ao regresso de todos os fugitivos da guerra de Tigray
DR O chefe do Executivo da Etiópia exorta ao regresso de todos os fugitivos da guerra de Tigray

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola