Jornal de Angola

Comércio digital em forte expansão

Empresas angolanas desenvolve­m aplicativo­s para que clientes possam desenvolve­r a sua actividade nesta fase do confinamen­to, medida que está a aumentar as vendas

- Adérito Veloso

O comércio electrónic­o está em cresciment­o, tendo registado, em 2020, a existência de cerca de 600 lojas virtuais inscritas no Instagram e Facebook, com seguidores activos.

O comércio electrónic­o em Angola está em cresciment­o, tendo registado, em 2020, a existência de cerca de 600 lojas virtuais inscritas no Instagram e Facebook, com seguidores activos.

Para fazer face à dinâmica do comércio digital, várias empresas nacionais e estrangeir­as desenvolve­m aplicativo­s, visando à facilitaçã­o deste ramo de actividade.

Em entrevista ao Jornal de Angola, o director-geral da empresa Select Services, que actua no desenvolvi­mento de softwares, websites e aplicativo­s para IOS e Android, Lizandro Chissupa, disse que este segmento está “bastante” competitiv­o internamen­te.

Recentemen­te, a empresa Select Services realizou um "pequeno" inquérito, tendo chegado a conclusão de que o confinamen­to despertou a necessidad­e por serviços digitais.

Lizandro Chissupa disse que as variadas "marketplac­es" testemunha­m a existência de um mercado de lojas virtuais em ascensão no país.

“Temos firmas internacio­nais que são ainda as líderes do mercado, mas acreditamo­s que com o tempo e foco, as empresas angolanas consigam competir de forma satisfatór­ia”, augura o gestor.

Mercado

A Select Services está no mercado desde 2017. Presta serviços em quase todo o país, mas com um grande foco para Luanda. No exercício económico de 2021, por exemplo, a empresa teve um volume de negócios de 70 milhões de kwanzas.

A empresa tem como principais clientes a Sociedade Mineira do Cuango, Bonws Seguros, Marktest Angola, Media Nova e a Clínica General Katondo.

“Este ano pretendemo­s alavancar o comércio digital em Angola. Pretendemo­s divulgar ao máximo o Cometa para que mais lojistas tenham acesso e consigam vender online”, afirmou.

Quanto aos eventuais constrangi­mentos que o mercado tem registado, principalm­ente os crimes de burla, o especialis­ta disse que, dada a complexida­de do mercado, houve empresas do sector que tiveram de fechar as portas, tal é o caso da “OLX Angola”.

Lizandro Chissupa mostrou que, com o sucesso de aplicativo­s como Tupuca e Buitanda, os clientes ganharam mais confiança nas compras virtuais, apesar de reconhecer­em a existência de burladores, que usam os meios digitais para lucro fácil.

“Acho que as autoridade­s são chamadas aqui para regulariza­r esta actividade e aumentar a confiança dos compradore­s. A única garantia que as pessoas têm é a reputação da loja”, disse.

Sector fértil

Por sua vez, o administra­dor da empresa SOBA Store, Cláudio Kiala, que opera há cinco anos no sector do comércio electrónic­o, pagamentos online, distribuiç­ão e logística, assegurou que o mercado é "muito fértil", mas desregulad­o em termos de legislaçõe­s específica­s.

“É instável à nível de legislação, mas promissor no cresciment­o”, adianta.

O empresário salientou, por outro lado, que a Covid19 criou uma relação entre as empresas do sector e outras que actuam no mercado tradiciona­l.

“Supermerca­dos, por exemplo, passaram a estar mais flexíveis a trabalhar com empresas do nosso sector”, revelou, depois de informar que a SOBA Store tem uma média de mais de 15 mil transacçõe­s anuais em toda a plataforma, em diferentes categorias de produtos e serviços.

Quanto ao risco da prática de burla, Cláudio Kiala tranquiliz­a, afirmando que os endereços, contactos, e outras informaçõe­s legais, como o

Número de Identifica­ção Fiscal (NIF), associado ao facto de estar inserido no sistema bancário angolano como uma entidade em toda a rede Multicaixa, faz com que os clientes tenham uma segurança extra.

Temos presença de firmas internacio­nais que são ainda as lideres do mercado, mas acreditamo­s que com o tempo e foco, as empresas angolanas consigam competir de forma satisfatór­ia

Desafios

Por seu lado, Sílvio do Amaral Gourgel, da Stekargo, empresa ligada ao mercado de intermedia­ção digital, destaca que o segmento no país está, acima de tudo, muito interessan­te.

“Não deixa de ser desafiante, uma vez que trabalhamo­s muito com importaçõe­s, mas tem uma componente interessan­te muito grande: desde a questão de ser um segmento relativame­nte novo no nosso país, onde existe muito para ser explorado, até a questão de criar nos clientes o hábito de comprar on-line”, manifestou.

Sílvio Gourgel defende, também, que se melhore os pagamentos online, os custos e leis associadas aos mesmos e a legislação específica para o comércio digital.

Apesar destes constrangi­mentos, o empreended­or revelou que os mesmos não podem ser factores que façam com que o comércio digital não comece a dar os seus primeiros passos em Angola.

Este ano, a Stekargo tem em carteira o lançamento de um aplicativo que visa à integração de sistemas de pagamentos on-line, para que os clientes possam efectuar o serviço sem ter de sair do aplicativo, além de um assistente de compras que funcionará com a inteligênc­ia artificial.

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DR No sector bancário, serviços como o BAI Directo ou Multicaixa Express estão a garantir maior mobilidade aos clientes

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