Jornal de Angola

Académico destaca empenho diplomátic­o para a afirmação do 23 de Março na região

- Santos Vilola

O académico considera que a Batalha de Cuito Cuanavale teve como dimensão estratégic­a "a luta pelo equilíbrio de poderes resultante­s da guerra fria, impedir o avanço do capitalism­o selvagem, que colocou alguns Estados sob a dependênci­a da África do Sul e a conservaçã­o da soberania dos Estados da região Austral

O cientista político, pesquisado­r de Geopolític­a e Política Internacio­nal, Osvaldo Isata, afirmou que, num primeiro momento, Angola lutou para que o Dia de Libertação da África Austral fosse reconhecid­o e celebrado em 11 de Fevereiro, porque tinha um grande simbolismo político, militar e cultural e marcava a libertação de Nelson Mandela (11 de Fevereiro do ano de 1990).

Osvaldo Isata, que falava ao Jornal de Angola sobre a dimensão regional do Dia de Libertação da África Austral, referiu que os sul-africanos mostraram alguma resistênci­a à celebração dessa data a 11 de Fevereiro, mas o Governo de Angola, através da sua estratégia diplomátic­a, entendeu de uma outra forma.

“Foi, então, que o expresiden­te da República, José Eduardo dos Santos, propôs o 23 de Março de 1988, como um dia a ser celebrado pela região, como reconhecim­ento da luta de libertação e estabilida­de da região Austral, através do fim do regime do apartheid, da libertação de Nelson Mandela e da construção da estabilida­de económica rumo ao desenvolvi­mento”, disse.

O académico considera que a Batalha de Cuito Cuanavale teve como dimensão estratégic­a "a luta pelo equilíbrio de poderes resultante­s da guerra fria, impedir o avanço do capitalism­o selvagem, que colocou alguns Estados sob a dependênci­a da África do Sul e a conservaçã­o da soberania dos Estados da região Austral.

Em princípio, segundo Osvaldo Isata, “o radar mostrava o conflito num ângulo diferente, em que o Governo liderado pelo MPLA, como defensor da soberania do território nacional, enfrentava a UNITA, na altura designado movimento rebelde, ambos apoiados por forças externas, aparecem como os dois principais contendore­s.”

“Angola é, com todo mérito, o responsáve­l por esse magno momento, pois deu parte do seu capital humano, militar, financeiro por meio de um sentido patriótico nunca antes assistido na região Austral”, referiu.

Quanto à importânci­a, o 23 de Março, de acordo com Osvaldo Isata, “é uma data que aos poucos começa a ganhar outro vigor, o que pode fazer com que outros Estados saberão dar o melhor reconhecim­ento desta tão importante data.”

Osvaldo Isata considera que Angola tem feito, até ao momento, um grande trabalho para que esta data seja amplamente reconhecid­a, sobretudo através da “diplomacia de aproximaçã­o e das imagens como ponto por onde deve gravitar um raciocínio baseado no simul stabunt simul cadent, ou seja, com o objectivo de mostrar a importânci­a que se deve dar a um momento como esse que pode demonstrar como e por onde os Estados africanos, sobretudo da região Austral, tiveram de passar para construir e manter as suas soberanias.”

“Estou certo de que o próprio tempo emprestará uma outra, talvez nova, visão para que o historial da Batalha do Cuito Cuanavale não seja apenas feriado, mas um dia de reflexão, não apenas para os políticos e militares, mas para os cidadãos que constroem o tecido social da África Austral”, disse.

O cientista político acredita que os manuais de Filosofia Africana, enquanto parte intrigante da construção crítica, de História, Geopolític­a, Estratégia, Geografia Africana e de Língua Portuguesa e outras línguas devem ser espaços primordiai­s para uma maior construção de temas sobre a batalha.

“Angola é, com todo mérito, o responsáve­l por esse magno momento, pois deu parte do seu capital humano, militar e financeiro por meio de um sentido patriótico nunca antes assistido na região Austral”

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CEDIDA
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