Etiópia descarta apelo dos EUA sobre Tigray
O Governo etíope descartou, ontem, o apelo do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para acabar com o conflito armado na região do Tigray e avisou Washington de que se trata de um “assunto interno”.
Segundo a CNN, foi esta a mensagem de Addis Abeba ao enviado norte-americano Cristopher Coons, transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Demeke Mekonnon, numa reunião realizada na capital etíope, na qual, segundo a porta-voz do governante, Dina Mufti, se reiterou que tanto a “missão em Tigray” como qualquer outra operação de aplicação da lei no território “são assuntos internos que devem ser deixados à Etiópia”.
De acordo com fontes oficiais, o conflito já fez mais de 75 mil refugiados etíopes, que fugiram para o Sudão, e as Nações Unidas denunciam a multiplicação de violações de direitos humanos.
Depois de Biden ter apelado ao fim do confronto em Novembro, recentemente o secretário de Estado norteamericano, Antony Blinken, reforçou a pressão e acusou o Governo etíope de levar a cabo uma “limpeza étnica” na zona do Tigray.
No entanto, as autoridades etíopes negaram as acusações e Demeke Mekonnon insurgiu-se contra a posição de Washington sobre as forças na região vizinha de Amhara, ao considerar que são uma parte externa e não “parte integrante” do país.
Paralelamente, o governante etíope reiterou o compromisso de cooperação e a abertura para iniciar uma investigação às violações dos direitos humanos relatadas em Tigray - incluindo massacres de civis e violações de mulheres por bandos, de acordo com grupos humanitários -, a fim de levar os responsáveis à Justiça, segundo a sua porta-voz.