Jornal de Angola

União Europeia sanciona golpistas em Myanmar

As medidas restritiva­s introduzid­as, ontem, por Bruxelas incluem proibição de viajar e o congelamen­to de todos os bens dos militares domiciliad­os em território­s dos 27 Estados

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A União Europeia impôs, ontem, medidas restritiva­s contra 11 pessoas que considera responsáve­is pelo golpe militar de 1 de Fevereiro em Myanmar (antiga Birmânia), entre os quais o chefe da Junta Militar, o general Min Aung Hlaing.

A decisão foi adoptada por ocasião de um Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeir­os da UE, que decorre presencial­mente em Bruxelas.

As sanções decretadas pelos 27 são dirigidas a 10 das mais altas patentes das Forças Armadas birmanesas e ao presidente da Comissão Eleitoral, e consistem numa interdição de viajar para ou pela UE e num congelamen­to dos seus bens e recursos, indica o Conselho em comunicado.

As medidas restritiva­s ontem anunciadas, na sequência do golpe militar e da "brutal repressão" militar e policial que se seguiu contra manifestan­tes pacíficos, haviam sido já "antecipada­s" na anterior reunião de chefes de diplomacia da UE, há precisamen­te um mês, a 22 de Fevereiro, quando os 27 se afirmaram prontos a preparar a adopção de medidas restritiva­s, ontem concretiza­das.

Em comunicado, o Conselho destaca que "10 das 11 personalid­ades visadas pertencem às mais altas patentes das Forças Armadas de Myanmar (Tatmadaw), incluindo o comandante-chefe Min Aung Hlaing, e o vice-comandante­chefe, Soe Win", sendo o outro visado "o novo presidente da Comissão Eleitoral, pelo seu papel no cancelamen­to dos resultados das eleições de 2020 em Myanmar".

"As medidas restritiva­s hoje introduzid­as incluem uma proibição de viajar e um congelamen­to de bens.

A proibição de viajar impede a entrada ou trânsito pelo território da UE, enquanto o congelamen­to de bens cobre os fundos ou recursos económicos das pessoas listadas na UE. Além disso, os cidadãos e empresas da UE estão proibidos de colocar fundos à disposição dos indivíduos e entidades constantes da lista", lê-se no comunicado.

O Conselho adverte, ainda, que "a UE continuará a rever todas as suas opções políticas, incluindo medidas restritiva­s adicionais contra entidades económicas detidas ou controlada­s pelos militares em Myanmar/birmânia".

Assegurand­o que "pretende assegurar que as medidas não tenham um efeito adverso sobre a população em geral", pois "a UE continua a apoiar firmemente o povo de Myanmar e a transição democrátic­a do país", o Conselho recorda que as medidas restritiva­s que já estavam antes em vigor assim permanecer­ão.

Entre essas medidas, contam-se um embargo às armas e equipament­os que possam ser utilizados para a repressão interna, uma proibição de exportação de bens de dupla utilização para utilização pelos militares e pela Polícia fronteiriç­a, restrições à exportação de equipament­o de controlo de comunicaçõ­es que possam ser utilizados para a repressão interna, e uma proibição de treino militar e de cooperação militar com as Forças Armadas.

Também já vigoravam medidas restritiva­s dirigidas a 14 pessoas por atrocidade­s cometidas contra a população rohingya, pelo que, com as sanções ontem adoptadas, a lista passa a contemplar 25 indivíduos.

A 1 de Fevereiro, o Exército do Myanmar prendeu a chefe do Governo civil birmanês, Aung San Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamen­tal, proclamand­o o Estado de Emergência e colocando no poder um grupo de generais.

Os militares tomaram o poder alegando irregulari­dades durante o processo eleitoral do ano passado, apesar de as autoridade­s eleitorais terem negado a existência de fraudes.

A Junta Militar disse que vai manter-se no poder durante um ano, antes da realização de um novo acto eleitoral no país.

Desde o golpe militar, sucessivos protestos contra a actuação dos militares têm ocorrido diariament­e em várias cidades de Myanmar, manifestaç­ões que têm sido fortemente reprimidas pelas forças de segurança.

Até ao momento, 250 pessoas morreram durante as manifestaç­ões reprimidas pela Polícia e pelo Exército e mais de 2.600 pessoas foram detidas, de acordo com os dados da Associação de Auxílio aos Prisioneir­os Políticos (APP).

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DR Min Aung Hlaing, actual homem forte do país tem, a partir de agora os seus bens congelados

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