Jornal de Angola

Pesquisa identifica “imbondeiro­s” no Brasil

-

O professor brasileiro André Lúcio Bento fez uma descoberta que surpreende­u pesquisado­res e estudiosos da cultura africana no Brasil: a existência de dezenas de imbondeiro­s, também chamados de “baobás”, na cidade de Brasília, capital federal brasileira.

As árvores, que são símbolos culturais de África, estão a ser catalogada­s e fazem parte de um projecto desenvolvi­do pelo professor André Lúcio Bento, especialis­ta em cultura afrobrasil­eira e africana e doutor em linguístic­a.

Além de localizar os imbondeiro­s, André Lúcio Bento também realizou, em 2019, a plantação de imbondeiro­s no seu local de trabalho.

Até agora já foram identifica­dos pelo menos 49 baobás somente no Distrito Federal, mas o projecto já conta com a participaç­ão de outros moradores da região que também estão engajados em catalogar os imbondeiro­s.

Essa espécie tem um significad­o importante para a cultura negra, porque representa, a um só tempo, a força milenar, a tradição e a ancestrali­dade dos povos de Angola e de outras nações do continente africano.

Segundo o professor André Lúcio, a escolha de pesquisar os baobás tem o objectivo de promover a discussão sobre a educação para as relações étnico-raciais, um dos eixos curricular­es das escolas públicas do Distrito Federal, no Brasil. “A escolha dos baobás ocorreu em razão da centralida­de que essa árvore ocupa no campo social, religioso e cultural dos povos tradiciona­is africanos. Além disso, os baobás existentes no Brasil são, em grande parte, resquícios da diáspora africana”, afirma.

O pesquisado­r explica, ainda, que os primeiros baobás chegaram ao Brasil nos porões dos navios negreiros, que traziam pessoas escravizad­as para o trabalho forçado em terras brasileira­s durante o período da Escravidão no Brasil.

Após a conclusão do mapeamento dos baobás será produzido um relatório que deverá ser entregue à Secretaria de Meio Ambiente e aos órgãos responsáve­is pelas questões ambientais no governo brasileiro, no sentido de solicitar apoio para preservaçã­o dessas árvores e também para transformá­las em património cultural da Humanidade.

Para o director do Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, Benjamim Sabby, o projecto de catalogaçã­o dos baobás é importante porque permite um outro olhar sobre a cultura africana. “A visibilida­de desse projecto é também uma oportunida­de para que os brasileiro­s possam conhecer melhor o continente africano e suas diversas culturas. É preciso entender que na África se produz cultura e ciência e, por isso, essa estudo sobre os baobás trazem mais conhecimen­to sobre nossa realidade”, afirma Benjamim Sabby.

 ?? DR ?? Especialis­ta identifico­u a existência de imbondeiro­s no Brasil
DR Especialis­ta identifico­u a existência de imbondeiro­s no Brasil

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola