Como avalia, em Angola, a gestão das reservas na farmácia hospitalar?
Existem três sistemas de distribuição de medicamentos para os pacientes, a saber; o colectivo, o individualizado e o unitário. Mas, entre estes, nós utilizamos com maior frequência o colectivo, muito embora, o individualizado seja considerado o mais seguro e com menores hipóteses de erros na medicação.
É muito grande a hipótese de erros na distribuição de medicamentos para os pacientes?
de enfermagem transcreve a terapêutica do médico, faz uma requisição única, e manda à farmácia. Da farmácia, o enfermeiro leva para o serviço, faz a reserva, prepara e administra. Neste processo todo, nunca temos a certeza se o enfermeiro cumpriu linearmente com o que lhe foi orientado.
Porquê que não é utilizado o sistema individualizado?
É possível. Mas, isso exige investimentos e pessoal à altura das necessidades.
Considera a negligência como a principal causa para a ruptura das reservas de medicamentos nas farmácias nos hospitais?
é um factor determinante, a qual se somam as políticas de gestão que cada unidade tem. No entanto, a falta de recursos financeiros encontra-se entre as outras das motivações que obrigam à redução substancial da aquisição de medicamentos e correspondentes, que, não raras vezes, são insuficientes para as necessidades dos utentes. A crise financeira que o país atravessa não deixa de fora as unidades hospitalares que, de igual forma, estão sujeitas a cortes orçamentais.
A gestão de medicamentos engloba diversas fases: os meios de gestão interna, programação, aquisição, armazenamento e distribuição. Isso implica saber quanto e quando devemos encomendar. Saber determinar a quantidade mínima de reservas e de segurança que se deve manter para se assegurar que cada artigo esteja a um nível de serviço satisfatório para o paciente.
Como vê o desempenho das farmácias, de uma forma geral?
A julgar pelo trabalho científico que realizei, e a visão holística que tenho de algumas unidades hospitalares, sou de opinião que as coisas não vão muito bem. Precisam de uma lufada de ar fresco. No livro que lancei, faço referência às componentes que devem fazer parte da gestão de medicamentos. Se não tivermos uma programação que cumpre com os métodos e procedimentos exigidos, nunca vamos conseguir realizar uma compra que se ajuste às necessidades reais que uma certa unidade necessita para satisfazer as necessidades medicamentosas dos utentes. As aquisições para as unidades hospitalares devem ser realizadas de acordo com os níveis de saúde de cada uma delas.
O défice está muito acentuado, principalmente em termos de farmacêuticos, para gerir os medicamentos que são alocados às farmácias. A gestão de reservas em farmácia hospitalar representa um factor determinante para a melhoria da qualidade de serviço ao paciente
Existe um nível para cada instituição de saúde?
O Decreto 54/03, de 5 de Agosto, (Regulamento Geral das Unidades do Sistema Nacional de Saúde), define os níveis de atendimento das unidades hospitalares. Temos o nível primário, secundário e terciário.
São relevantes as diferenças?
Elas diferem-se pelo pacote