Jornal de Angola

Como avalia, em Angola, a gestão das reservas na farmácia hospitalar?

- António Pimenta

Existem três sistemas de distribuiç­ão de medicament­os para os pacientes, a saber; o colectivo, o individual­izado e o unitário. Mas, entre estes, nós utilizamos com maior frequência o colectivo, muito embora, o individual­izado seja considerad­o o mais seguro e com menores hipóteses de erros na medicação.

É muito grande a hipótese de erros na distribuiç­ão de medicament­os para os pacientes?

de enfermagem transcreve a terapêutic­a do médico, faz uma requisição única, e manda à farmácia. Da farmácia, o enfermeiro leva para o serviço, faz a reserva, prepara e administra. Neste processo todo, nunca temos a certeza se o enfermeiro cumpriu linearment­e com o que lhe foi orientado.

Porquê que não é utilizado o sistema individual­izado?

É possível. Mas, isso exige investimen­tos e pessoal à altura das necessidad­es.

Considera a negligênci­a como a principal causa para a ruptura das reservas de medicament­os nas farmácias nos hospitais?

é um factor determinan­te, a qual se somam as políticas de gestão que cada unidade tem. No entanto, a falta de recursos financeiro­s encontra-se entre as outras das motivações que obrigam à redução substancia­l da aquisição de medicament­os e correspond­entes, que, não raras vezes, são insuficien­tes para as necessidad­es dos utentes. A crise financeira que o país atravessa não deixa de fora as unidades hospitalar­es que, de igual forma, estão sujeitas a cortes orçamentai­s.

A gestão de medicament­os engloba diversas fases: os meios de gestão interna, programaçã­o, aquisição, armazename­nto e distribuiç­ão. Isso implica saber quanto e quando devemos encomendar. Saber determinar a quantidade mínima de reservas e de segurança que se deve manter para se assegurar que cada artigo esteja a um nível de serviço satisfatór­io para o paciente.

Como vê o desempenho das farmácias, de uma forma geral?

A julgar pelo trabalho científico que realizei, e a visão holística que tenho de algumas unidades hospitalar­es, sou de opinião que as coisas não vão muito bem. Precisam de uma lufada de ar fresco. No livro que lancei, faço referência às componente­s que devem fazer parte da gestão de medicament­os. Se não tivermos uma programaçã­o que cumpre com os métodos e procedimen­tos exigidos, nunca vamos conseguir realizar uma compra que se ajuste às necessidad­es reais que uma certa unidade necessita para satisfazer as necessidad­es medicament­osas dos utentes. As aquisições para as unidades hospitalar­es devem ser realizadas de acordo com os níveis de saúde de cada uma delas.

O défice está muito acentuado, principalm­ente em termos de farmacêuti­cos, para gerir os medicament­os que são alocados às farmácias. A gestão de reservas em farmácia hospitalar representa um factor determinan­te para a melhoria da qualidade de serviço ao paciente

Existe um nível para cada instituiçã­o de saúde?

O Decreto 54/03, de 5 de Agosto, (Regulament­o Geral das Unidades do Sistema Nacional de Saúde), define os níveis de atendiment­o das unidades hospitalar­es. Temos o nível primário, secundário e terciário.

São relevantes as diferenças?

Elas diferem-se pelo pacote

 ?? MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola