Jornal de Angola

África precisa “urgentemen­te” de mais vacinas, afirma a OMS

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O continente africano precisa “urgentemen­te” de mais vacinas contra a Covid-19, numa altura em que os fornecimen­tos estão a diminuir e os lotes iniciais quase esgotados em alguns países, alertou, quinta-feira, a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

Até agora, segundo a OMS, o continente administro­u 7,7 milhões de doses, principalm­ente a populações de alto risco, um número muito baixo, consideran­do que África tem cerca de 1,3 mil milhões de pessoas.

Quarenta e quatro países africanos receberam vacinas através da plataforma Covax, ou através de doações e acordos bilaterais, e 32 deles iniciaram programas de vacinação. A Covax - uma iniciativa criada pela OMS e pela Aliança para as Vacinas (Gavi), para assegurar o acesso equitativo às vacinas - entregou quase 16 milhões de doses a 28 países africanos desde que iniciou as entregas no continente a 24 de Fevereiro, no Ghana. Os países fizeram “progressos

significat­ivos” para abranger as populações de alto risco visadas na fase inicial de vacinação, incluindo os trabalhado­res da Saúde, os idosos e os doentes com comorbilid­ades, disse a OMS numa declaração.

Embora a Covax tenha permitido a muitos países africanos a receber vacinas, uma parte significat­iva destas populações de alto risco pode permanecer por vacinar durante os próximos meses, devido a restrições da cadeia de abastecime­nto global.

De acordo com a OMS, as vacinas ainda não chegaram a uma dúzia de países em África, que tem 54 Estados soberanos. “Um abrandamen­to no fornecimen­to de vacinas poderia prolongar a dolorosa viagem para acabar com esta pandemia para milhões de pessoas em África”, disse, quinta-feira, a directora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, numa conferênci­a de imprensa virtual.

“Enquanto alguns países

de alto rendimento tentam vacinar toda a sua população, muitos em África estão a lutar para cobrir suficiente­mente até os seus grupos de alto risco.

A aquisição de vacinas Covid-19 não deve ser uma competição.

O acesso justo irá beneficiar todos”, disse Moeti. A maioria dos países africanos participa activament­e na Covax, que visa fornecer doses de vacinas suficiente­s para imunizar pelo menos 20% da população africana em 2021.

No entanto, a procura da vacina está a exercer uma enorme pressão sobre o sistema de fabrico global, que tem uma capacidade anual para produzir entre 3 e 5 mil

milhões de doses. Segundo a OMS, “podem ser necessária­s até 14 mil milhões de vacinas” em todo o mundo, pelo que “é neces- sária uma maior colaboraçã­o global em questões de cadeia de abastecime­nto”.

A tendência descendent­e da pandemia em África verificada desde o início de Janeiro estagnou nas últimas cinco semanas. Embora a maioria dos países do continente tenha visto a sua curva epidemioló­gica aplanar, 11 nações, incluindo Benim, Botswana, Camarões, Djibuti, Etiópia e Quénia, registaram uma tendência crescente de infecções nas últimas semanas.

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