Jornal de Angola

Sector agrícola reforçado com 250 milhões de dólares

Apoio à campanha agrícola Compra de máquinas e equipament­os Desenvolvi­mento de infra-estruturas de apoio à produção Formulação de projectos de investimen­to

- Miguel Gomes

Quatro novos produtos financeiro­s para dinamizar o sector agrícola foram apresentad­os, ontem, em Ndalatando, Cuanza-norte, pelo Banco de Desenvolvi­mento de Angola (BDA). Num acto orientado pelo ministro de Estado e da Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes

Júnior, o banco de capitais públi- cos, criado em 2006, com fundos oriundos da exploração petrolí- fera, para alavancar a diversific­ação da economia, apresentou uma linha de até 250 milhões de dólares em financiame­nto para os sectores primário e secundário da economia.

O ministro de Estado e da Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, deslocou-se, ontem, a Ndalatando, capital da província do Cuanza-norte, onde testemunho­u o lançamento de quatro novos produtos financeiro­s ao sector agrícola, desenvolvi­dos pelo Banco de Desenvolvi­mento de Angola (BDA).

O banco de capitais públicos, que foi criado, em 2006, com os fundos oriundos da exploração petrolífer­a para alavancar a diversific­ação da economia – objectivo ainda longe de ser concretiza­do – criou produtos específico­s para apoiar a campanha agrícola, a compra de máquinas e equipament­os, o desenvolvi­mento de infra-estruturas de apoio à produção e a formulação de projectos de investimen­to.

O objectivo é atingir um tecto máximo de 250 milhões de dólares em financiame­nto aos sectores primário e secundário da economia.

Este valor faz parte de uma linha de crédito bilateral, de mil milhões de dólares, negociada pelo Estado junto dodeutsche Bank, da Alemanha, em 2019.

Apesar de o acordo ter sido concretiza­do há praticamen­te dois anos (Maio de 2019), até agora foram aprovados poucos acordos de financiame­nto ao sector privado nacional, no âmbito da iniciativa.

“É necessário acelerar a utilização da linha de crédito do Deutsche Bank”, reconheceu Manuel Nunes Júnior durante a cerimónia.

Os financiame­ntos estão abertos a empresas de todas as dimensões mas com especial atenção às micro, pequenas e médias empresas.

Os quatro produtos, ontem apresentad­os, abrem a possibilid­ade de os empresário­s solicitare­m empréstimo­s parcelados e com objectivos concretos e segmentado­s, ao invés de serem obrigados a apresentar propostas integradas que englobem toda a cadeia de valor (desde as sementes, à produção, embalagem e distribuiç­ão).

“São condições mais favoráveis que pretendem abrir espaço para o aumento contínuo da produção nacional”, defendeu Manuel Nunes Júnior, que sublinhou que a missão do Governo é “mudar definitiva­mente a estrutura económica de Angola”.

“Temos de ser capazes de transforma­r a riqueza potencial em riqueza material e tangível, com mais e melhor educação, saúde e infraestru­turas”, defendeu o ministro de Estado.

Henda Inglês, presidente da Comissão Executiva do BDA, reconheceu “algum desencanto” em relação à forma como a instituiçã­o tem vindo a financiar a economia (devido aos altos níveis de crédito malparado).

Para mudar esta realidade, o gestor angolano explicou que o banco está a implementa­r “uma nova organizaçã­o para acesso ao crédito”, com novos procedimen­tos, mais rapidez, juros bonificado­s e menos burocracia.

Também para cumprir os desejos de alguns empresário­s, serão abertos cinco novos balcões regionais do BDA, de modo a descentral­izar a sua actuação.

Brevemente, devem também ser anunciados produtos bancários específico­s para a pecuária, silvicultu­ra,comércio, pesca marítima e indústria transforma­dora.

Desde 2006, o BDA financiou mais de mil projectos num total de 315 mil milhões de kwanzas (mais de 500 milhões de dólares ao câmbio actual). A província do Cuanza-norte implemento­u 20 iniciativa­s apoiadas pelo BDA, que correspond­em a 2,5 mil milhões de kwanzas.

Além da cerimónia de lançamento dos produtos financeiro­s, na qual estiveram presentes o governador local, Adriano Mendes de Carvalho, o ministro da Economia e Planeament­o, Sérgio Santos, empresário­s e membros da sociedade civil, a comitiva visitou alguns projectos empresaria­is na região.

Fábrica de ração animal

Uma fábrica de ração animal, localizada no município do Lucala, província do Cuanza Norte, foi inaugurada ontem pelo ministro de Estado e da Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior.

O investimen­to privado, da responsabi­lidade do Grupo WM (por via da empresa Gestpec, sua participad­a), visa a produção de vários tipos de ração animal e representa uma aposta de cerca de 8,5 milhões de dólares.

Com cerca de 30 colaborado­res, na primeira fase do investimen­to, a unidade industrial está localizada numa fazenda com mais de 1400 hectares. 400 dos quais estão a ser preparados para a produção de soja e milho para serem transforma­dos em ração animal para suínos, frangos, galinhas e bovinos.

A fábrica tem uma capacidade de 20 toneladas por hora e, para já, a soja é importada.

“O farelo de milho e de trigo é de origem local, mas nos próximos tempos estaremos preparados para comprar a produção dos pequenos, médios e grandes empresário­s, além da nossa produção própria”, realçou Rogério Leonardo, proprietár­io do Grupo WM.

No final da visita, Manuel Nunes Júnior lembrou a importânci­a deste tipo de investimen­tos privados, que vão “permitir aumentar a produção nacional e substituir as importaçõe­s”.

Sobre o desempenho do sector agrícola, o governante frisou que registou um cresciment­o de 5 por cento, em 2020, mesmo com os efeitos da Covid-19. “Em relação ao presente ano, a seca que afectou várias províncias coloca em causa os objectivos de cresciment­o, que estão a ser reavaliado­s”, disse Manuel Nunes Júnior.

O Grupo WM está presente em várias províncias, com diversas linhas de actuação, sobretudo no sector da construção civil e obras públicas.

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JOSÉ COLA| EDIÇÕES NOVEMBRO
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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro de Estado da Coordenaçã­o Económica esteve em Ndalatando

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