‘Jihadistas’ reivindicam controlo da vila de Palma
O grupo Extremista Estado Islâmico indicou, ontem, através de agência oficial, que assumiu o controlo da vila sede do distrito de Palma, no Norte de Moçambique, onde dezenas de pessoas foram assassinadas nos últimos dias
O grupo fundamentalista Estado Islâmico (Daesh) reivindicou, ontem, o controlo da vila de Palma, no Norte de Moçambique, depois de um ataque à sede de distrito desencadeado na quarta-feira, dia 24 de Março, junto aos projectos de gás natural que estão em desenvolvimento na região. Vários países, entre os quais os Estados Unidos e a África do Sul, têm oferecido apoio militar a Maputo para combater os insurgentes.
O grupo fundamentalista Estado Islâmico (Daesh) reivindicou, ontem, o controlo de Palma, no Norte de Moçambique, depois de um ataque à sede de distrito desencadeado na quarta-feira, dia 24 de Março, junto aos projectos de gás que estão em desenvolvimento na região.
A agência oficial do movimento, a Amaq, divulgou imagens da vila e reivindicou a ocupação da capital do distrito, junto à fronteira com a Tanzânia.
Não existem informações sobre a situação na vila há vários dias e a capital provincial de Cabo Delgado, Pemba, tem sido destino de muitos deslocados.
A vila sede de distrito com 42 mil habitantes, que acolhe os grandes projectos de gás do Norte de Moçambique foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes "jihadistas" que há três anos e meio aterrorizam a região.
A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas acções já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora existam relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
Militares confirmam clima de insegurança em Palma
O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou, igualmente ontem, que dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no Norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila na quarta-feira.
“Um grupo de terroristas penetrou, dissimuladamente, na vila sede do distrito de Palma e desencadeou acções que culminaram com o assassinato cobarde de dezenas de pessoas indefesas e danos materiais em algumas infraestruturas do Governo”, afirmou Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional de Moçambique, citado pela Lusa.
Omar Saranga fazia assim, ontem, o rescaldo dos ataques a Palma, iniciados na quartafeira, num comunicado de imprensa que leu aos jornalistas, em Maputo, sem direito a perguntas, o que impediu uma abordagem sobre a possível intervenção militar da África do Sul, admitida na véspera pelo Presidente Cyril Ramaphosa.
“As FDS (Forças de Defesa e Segurança) registaram com pesar a perda de sete vidas de um grupo de cidadãos que se precipitou numa coluna de viaturas saída do Hotel Amarula, que foi emboscada pelos terroristas”, declarou.
As FDS, prosseguiu, reforçaram a sua “estratégia operacional” para conter as investidas dos atacantes e repor a normalidade em Palma, tendo nos últimos três dias executado acções focadas no resgate de centenas de pessoas, nacionais e estrangeiras, e na protecção de cidadãos e seus bens. “Neste momento, as FDS continuam a clarificar as zonas de Palma por forma a garantir um regresso seguro das populações. As posições das FDS estão todas sob seu controlo”, destacou Omar Saranga.
O Ministério da Defesa Nacional de Moçambique avançou que as forças moçambicanas conseguiram retirar centenas de pessoas, nacionais e estrangeiras, tendo evitado também que infra-estruturas e bens fossem vandalizados. As FDS, continuou, mantêm a perseguição aos atacantes, visando eliminar “algumas bolsas de resistência” e evitar o regresso dos “terroristas” a Palma.
O porta-voz do Ministério da Defesa não disse se as forças governamentais retomaram o controlo efectivo de Palma e se os atacantes continuam na vila.
“O objectivo claro desta incursão cobarde por parte dos terroristas era o de aterrorizar as populações da vila sede do distrito de Palma e ameaçar o desenvolvimento de infra-estruturas que vão propiciar uma melhoria das condições de vida no país e das populações locais, em particular”, enfatizou Omar Saranga.
Saranga assinalou que a actuação das FDS está a ser conduzida com estrito respeito pelos direitos humanos.
O ataque desencadeado na quarta-feira em Palma é o mais grave junto aos projectos de gás que estão em desenvolvimento na região, após três anos e meio de insurgência armada na zona. Um número incalculável de pessoas está desde então a fugir para a península de Afungi.
Um grupo mais restrito, de cerca de 200 cidadãos de diferentes nacionalidades, refugiou-se no hotel Amarula, de onde muitos foram sendo resgatados por terra e mar para a área controlada pela petrolífera Total.