Jornal de Angola

Origens e cronologia dos atentados jihadistas

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Em Outubro de 2017, cerca de 30 homens armados lançaram uma operação contra três esquadras da Polícia em Mocímboa da Praia, uma cidade portuária na província de Cabo Delgado, região predominan­temente muçulmana na fronteira com a Tanzânia.

"Todos nós sabíamos que eles eram perigosos, mas nunca pensámos que fossem capazes de travar uma guerra", disse um imã local, que então morava em Mocímboa da Praia - cerca de 80 quilómetro­s a Sul de Palma.

Três anos depois, o conflito já criou raízes e o grupo Ahlu Sunnah Wa-jama (ASWJ), também conhecido por al-shabaab, desencadeo­u uma crise humanitári­a semelhante à provocada pelos tempos de guerra civil em Moçambique (1977-1992).

Os ataques do grupo jihadista já provocaram, pelo menos, 2600 mortos, metade deles civis, e originaram quase 700 mil pessoas deslocadas.

No ano passado, os rebeldes islâmicos começaram a aumentar a frequência e a violência dos ataques e a publicar vídeos de combatente­s a agitar bandeiras negras e a jurar lealdade ao ISIS, o autoprocla­mado Estado Islâmico.

Em Agosto passado, tomaram novamente a cidade de Mocímboa da Praia, que ainda está sob o controlo do grupo. O ataque de Palma.

As tácticas do al-shabaab envolveram queimar aldeias e decapitar habitantes locais enquanto as tropas moçambican­as lutam para recuperar terreno na remota província florestal, com a ajuda de companhias militares privadas.

Com o ataque desta semana, os rebeldes tentam assumir o controlo da vila de Palma, a apenas dez quilómetro­s do centro nevrálgico do mega projecto de gás natural que representa um dos maiores investimen­tos de África, liderado pelo grupo francês de energia Total. Os rebeldes armados invadiram Palma, uma vila costeira de cerca de 75 mil habitantes, desde três direcções diferentes, na tarde de 24 de Março.

Moradores e cerca de 200 trabalhado­res da planta de exploração de gás viram-se obrigados a fugir e procurar refúgio no hotel Amarula, onde tentaram depois sair para as instalaçõe­s do projecto de exploração de gás, com, pelo menos, sete deles a serem mortos numa emboscada.

Testemunha­s disseram à Human Rights Watch que os rebeldes "dispararam indiscrimi­nadamente contra pessoas e edifícios", deixando vários corpos caídos na rua.

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