Jornal de Angola

Franceses retiram pessoal do projecto de exploração de gás

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A petrolífer­a Total retirou, ontem, o resto do pessoal que mantinha no projecto de gás no Norte de Moçambique, disseram à Lusa diferentes fontes que acompanham as operações.

A retirada completa inclui empresas subcontrat­adas que se mantinham na área do maior investimen­to privado em curso em África e cujos trabalhado­res saíram por via marítima e aérea, indicaram as mesmas fontes.

O canal de televisão moçambican­o STV acrescento­u que um barco com funcionári­os do projecto deve chegar hoje a Pemba, capital provincial, 200 quilómetro­s a Sul, assim como é aguardado, sem hora, um avião com 90 pessoas, maioritari­amente deslocados, transporta­dos a partir da pista de aviação de Afungi.

De acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações (OIM), a Total estima que haja 23 mil pessoas refugiadas junto ao projecto (Quitunda e Afungi), meia dúzia de quilómetro­s a Sul da vila.

A zona está guarnecida pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambican­as que estão no terreno para tentar recuperar o controlo de Palma.

Ao contrário do que vinha acontecend­o, o Serviço Aéreo Humanitári­o das Nações Unidas (UNHAS) não operou na sexta-feira a aeronave que chegava a fazer cinco rondas entre Pemba e Afungi para resgatar os casos mais vulnerávei­s entre deslocados, disseram pessoas ligadas à recepção em Pemba.

Um porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) moçambican­o admitiu que pode haver “constrangi­mentos” operaciona­is nas operações de transporte de deslocados, sem detalhar, mas disse à Lusa que o organismo “continua a cumprir com a sua obrigação” de assistênci­a à população e continua a ter a Total como um dos principais parceiros.

Segundo o porta-voz, a própria directora do INGD está desde ontem em Cabo Delgado para acompanhar as operações de transporte que continuam a ser planeadas por via aérea e marítima, com recurso a um navio que já esta semana transporto­u deslocados e que estará a ser sujeito a reparações.

A retirada completa da Total do distrito de Palma acontece após um ataque à vila sede que provocou um número de mortes ainda desconheci­do e que está a colocar em fuga cerca de 10 mil pessoas - além das 23 mil reportadas pela petrolífer­a junto ao recinto. O ataque contrariou o anúncio de retoma gradual das obras, após uma primeira retirada de pessoal em Janeiro, na sequência de um outro ataque nas proximidad­es.

A violência desencadea­da há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há uma semana, quando grupos armados atacaram, pela primeira vez, a vila de Palma, que está a cerca de 25 quilómetro­s dos multimilio­nários projectos de gás natural. Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitári­a que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.

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