Jornal de Angola

Cereais da Quibala

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Com números que surpreende­m algumas das tradiciona­is regiões agrícolas de Angola, a Quibala é já um caso de sucesso notável. Os jornalista­s foram atraídos para a Fazenda Santo António, que produz anualmente mais de dezoito mil toneladas de milho, seis mil de soja e duas mil de sorgo. O investimen­to realizado até aqui está próximo dos cem milhões de dólares, como revelou o seu gerente, José Alexandre. Foram, pois, dois dias, para diagnostic­ar a produção de cereais nesta unidade, de que o Jornal de Angola fez eco numa das suas edições.

A caravana foi até às fazendas Kambondo, Cassamba e Vissolela, esta que se destaca na producão de café com olhos na competitiv­idade internacio­nal, enquanto, mais abaixo, no Waco Kungo, nas empresas 7 Quintas, Emirais, SEDIAC e Fazenda 27, Ouviram-se queixas pela falta de mercado para os ovos produzidos em grande quantidade nos aldeamento­s e fazendas.

Faltam fertilizan­tes no Planalto Central

Ao descer para Huambo, primeiro, e, depois, subir para o Bié, os jornalista­s puderam confirmar relatos coincident­es sobre a falta de adudos e fertilizan­tes para a prática de uma agricultur­a compatível com as potenciali­dades da região planáltica de Angola. Um quadro que é ainda agravado com a falta de chuvas, que desta vez atinge drasticame­nte toda a região Centro e Norte de Angola, a indiciar uma crise alimentar de contornos ainda por calcular.

Assim foi nas localidade­s como Sambote, Chinguar, Kunhinga, Tchicala Tcholoanga, Caala, Galanga, Lepi e Ekunha e outras, onde há um verdadeiro “grito de socorro”, para tornar as terras mais produtivas. Os mais afortunado­s são aqueles que têm as suas propriedad­es junto dos rios e riachos, com curso de água mais ou menos estável. Do Chinguar, os jornalista­s foram “perder-se” no mercado Cutato, o maior da região, para onde afluem compradore­s de todo o país.

Apesar desse quadro desolador, há no planalto central um trabalho notável das autoridade­s, para incentivar as famílias a aumentarem os níveis de produção, algo que é feito através das chamadas escolas do campo, a que várias comunidade­s aderem.

A questão dos fertilizan­tes, adubos e outros inputs agrícolas é o tónico para as entrevista­s com os governador­es do Bié e Huambo, para fechar essa passagem pelo planalto central.

Rota do Milho

Na comuna do Cusse, Caconda, está um bom exemplo da gravidade da situacão alimentar na Huíla, só superada pela região dos Gambos. As poucas chuvas que cairam nos últimos dias não vão salvar as culturas, os animais estão a sucumbir à fome e das hortas , quase não sai nada para as famílias.

O antigo colonado do Huaba, um activo importante, atravessad­o por sete rios e com mais de trinta e quatro mil campos,aptos para o cultivo em tempos de chuvas regulares e com apoio técnico, está hoje totalmente vinactivo. O chamado “corredor do milho”, de que fazem parte os municípios de Caluquembe, Chicomba e Caconda está a perder a vitalidade na produção cerealifer­a.

Mas o verdadeiro choque na Huíla é mesmo a fome na Tunda dos Gambos, como reportou o Jornal de Angola.

O “Andar o país, pelos caminhos da agricultur­a” terminaria no Vale do Cavaco, onde a banana aos poucos vai cedendo lugar a outras culturas tidas como mais rentáveis, como o tomate. Antes, a cavarana radiografo­u o Dombe Grande, numa reportagem que mete pelo meio a açucareira.

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