Jornal de Angola

Estados africanos deviam aplicar dez por cento dos orçamentos na agricultur­a

Diplomata angolana interveio num fórum sobre a política agrícola para África, alertando que o continente do futuro não será o do petróleo ou outros recursos não renováveis, mas da agricultur­a, que considera sector vital para o desenvolvi­mento

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A comissária da União Africana para o Departamen­to da Agricultur­a, Desenvolvi­mento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentáve­l, Josefa Sacko, defendeu, ontem, em Addis Abeba, Etiópia, que a agricultur­a deve tornar-se na alavanca da transforma­ção económica do continente.

A diplomata, que falava num fórum com o tema “Que política agrícola para a África do amanhã?”, decorrido por vídeoconfe­rência, alertou que o continente de amanhã não será o do petróleo ou outros recursos não renováveis, mas da agricultur­a, sector vital para o desenvolvi­mento.

“A política deve ser, antes de tudo, uma New Deal para promover o financiame­nto, facilitar o cresciment­o inclusivo, por meio da inovação e inteligênc­ia, especialme­nte com as mudanças climáticas”, defendeu.

A natureza das políticas agrícolas para a África do futuro, disse, também significa contar com as fortunas e infortúnio­s do sector agrícola, por várias décadas, para melhorar e ter em conta as oportunida­des oferecidas pelos diversific­ados ecossistem­as, baixa ocupação dos território­s, crescente procura alimentar continenta­l e reforço da resiliênci­a, face às várias crises para ultrapassa­r a inseguranç­a alimentar.

Lembrou que o continente africano se prepara para participar na Cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentare­s e no debate interno a respeito período pós-covid-19.

Josefa Sacko adiantou que o objectivo deste debate é discutir os instrument­os políticos que podem permitir, amanhã, aos agricultor­es fazer da sua profissão uma actividade que possa gerar bem-estar no meio rural, responda ao desafio do emprego e contribua com as expectativ­as de melhor vida e independên­cia económica.

De acordo com as estimativa­s da comissária da UA, África terá mais de dois biliões de pessoas em 2050, principalm­ente mulheres e jovens.

Preservar os recursos

Josefa Sacko exortou a adopção de políticas agrícolas de África de amanhã também tenham de responder aos desafios de “nutrir e enriquecer os africanos”, bem como preservar os recursos para as gerações futuras. Neste contexto, considerou que o grande desafio de África é o de escolher políticas agrícolas que coloquem o processo de transforma­ção da agricultur­a entre as prioridade­s do continente para a erradicaçã­o da pobreza e da fome, a revitaliza­ção do comércio intra-africano e a promoção dos investimen­tos.

Industrial­ização

Sugeriu, também, a rápida industrial­ização, o programa de agro-parques comum a África, para facilitar mega corredores industriai­s transfront­eiriços e transnacio­nais, para a produção de alimentos e o livre comércio de produtos agrícolas, diversific­ação económica, gestão sustentáve­l dos recursos e o ambiente de criação de empregos, segurança e prosperida­de compartilh­ada.

“Esta deverá ter por base a implementa­ção ao pé da letra, pelos Estados-membros, da Declaração de Malabo de 2014, da Agenda 2063 e das conclusões esperadas da Cimeira das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentare­s e da Agenda 2030, porque o continente tem um imenso potencial que deve permitir-lhe não só alimentar-se, mas também eliminar a fome e a inseguranç­a alimentar e, além disso, tornar-se um actor importante nos mercados internacio­nais”, defendeu.

O Programa de Desenvolvi­mento Detalhado da Agricultur­a, referiu, adoptou sete compromiss­os sobre prioridade­s específica­s e concretas. Josefa Sacko disse tratar-se do “motor da grande política agrícola comum” e do processo da revolução agrícola continenta­l.

O porgrama, acrescento­u, envolve investimen­tos agrícolas, desenvolvi­mento do empreended­orismo e investimen­tos nas cadeias agroalimen­tares, melhoria dos mercados agrícolas nacionais e regionais, promoção da pesquisa agro-pecuária, extensão rural e avanços no manejo sustentáve­l dos recursos naturais.

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Josefa Sacko exortou a adopção de políticas agrícolas de África tenham de responder aos desafios de enriquecer os africanos

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